São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Estreitando a passagem por fronteiras da Europa

Bulgária e Romênia dizem que UE exige padrões muito altos

Por SUZANNE DALEY
e STEPHEN CASTLE
SVILENGRAD, Bulgária - Com extensas operações de segurança nas fronteiras ao custo de mais de € 1 bilhão, Bulgária e Romênia esperavam ingressar este mês na zona de livre circulação da União Europeia e assumir a tarefa de vigiar algumas das fronteiras externas da união. Alguns anos atrás, essa mudança de status provavelmente teria sido rotineira, dizem especialistas, apenas mais um passo na contínua expansão do bloco.
Hoje, porém, um novo conservadorismo prevalece na UE. No momento em que a Europa enfrenta uma crise econômica, o medo da imigração africana e um fervor nacionalista crescente entre países membros, ela vem prestando atenção maior a questões como a criminalidade organizada, a corrupção e os Judiciários ineficazes, coisas que passavam despercebidas em 2007, quando a Bulgária e a Romênia foram aceitas na UE.
"É agradável contar com uma máquina para checar se há uma pessoa ilegal na caçamba de um caminhão", disse Karel van Kesteren, o embaixador holandês na Bulgária. "Mas, se você pode pagar 500 euros para alguém olhar para o outro lado, não faz sentido nenhum. Quando entregamos a alguém a chave de nossa casa comum, queremos ter a certeza de que essa pessoa é 100% confiável e obedece todas as regras."
É provável que a Holanda vete a entrada da Bulgária e Romênia na zona de circulação livre europeia, conhecida como o espaço de Schengen. Outros países que provavelmente farão objeção incluem a Finlândia, Alemanha e França, onde a campanha de reeleição do presidente Nicolas Sarkozy vem cortejando eleitores conservadores.
Sinais de corrupção são visíveis em vários lugares da paisagem rural búlgara e romena ao longo da fronteira, sob a forma de mansões luxuosas pertencentes a agentes da alfândega.
Em esforço para combater a corrupção, a Bulgária começou a usar uma programação computadorizada para direcionar seus guardas de fronteira para postos distintos a cada poucas horas, de maneira aleatória. E, no último ano, a Romênia prendeu 248 guardas e agentes de alfândega, acusados de embolsar até € 5.800 euros em um turno de trabalho.
Mesmo assim, as autoridades búlgaras e romenas já não esperam que seus países ingressem no espaço de Schengen neste outono europeu. A maioria dos especialistas prevê que, para abrandar o golpe, a UE autorize os dois países a abrir seus aeroportos a viagens sem visto.
As autoridades búlgaras e romenas dizem que atenderam às exigências da União Europeia, mas que agora estão tendo que satisfazer a critérios novos.
"Seria mais simples se dissessem 'ok, refletimos sobre isso, e o mundo mudou'", disse o vice-primeiro-ministro da Bulgária, Simeon Djankov. " 'Por isso pensamos que é preciso haver mais três critérios'" Em lugar disso, seu país enfrenta reclamações "vagas" sobre crimes e corrupção na fronteira.
Para Djankov, seria possível fazer as mesmas queixas sobre Itália e Grécia.
Mas Gabisor Tofan, prefeito de povoado na fronteira entre Romênia e Moldova, disse que a corrupção era um segredo popular. "Todo camponês que entrava em Moldova sabia que tinha que desembolsar um pequeno valor."
Bulgária e Romênia pagam o preço de estar perto da Grécia, que não tem conseguido controlar o fluxo na fronteira. "Alguns países da UE estão dizendo 'precisamos aprender as lições da Grécia'", disse Hugo Brady, pesquisador do Centro para Reformas Europeias. "'Precisamos ser conservadores com a Romênia e Bulgária.'"


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