São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Turismo é racha entre Coreias

Por EDWARD WONG
MONTE KUMGANG, Coreia do Norte - Saudado no passado como uma experiência de reconciliação, este parque turístico virou agora um símbolo das tensões entre as duas Coreias.
O faturamento daqui despencou desde que, em 2008, um soldado da Coreia do Norte matou um visitante sul-coreano que vagava à noite por uma área próxima, que segundo autoridades norte-coreanas é uma zona militar. A Coreia do Sul então proibiu seus cidadãos de virem para cá, e a empresa sul-coreana responsável pelo parque, a Hyundai Asan, teve de suspender o empreendimento.
Agora, o governo norte-coreano, desesperado por receitas, procura atrair outros investidores estrangeiros para o monte Kumgang, contra a vontade de Seul.
Um alto funcionário norte-coreano do setor turístico, Kim Kwang-yun, fez no final de agosto uma apresentação a empresários da China. Kim disse a jornalistas estrangeiros que também poderia conversar sobre investimentos caso "grandes delegações da Europa, África e outros países vierem à região do monte Kumgang".
A vasta maioria dos 2 milhões de visitantes que passaram por este lugar desde sua inauguração, em 1998, era composta por sul-coreanos, e as autoridades da Coreia do Norte manifestam o desejo de retomar a parceria com a Hyundai Asan. Mas, em 22 de agosto, os norte-coreanos informaram ao governo do sul que estavam expulsando os últimos funcionários sul-coreanos do parque, e afirmaram ter o direito de "dispor legalmente" do patrimônio sul-coreano, avaliado em US$ 443 milhões.
Um funcionário do ministério sul-coreano da Unificação disse em setembro que a "questão turística do monte Kumgang não pode ser resolvida por medidas unilaterais do Norte -deve ser tratada via diálogo intercoreano".
O monte Kumgang é uma área escarpada, com pinheiros e cachoeiras. Entalhados nos paredões de granito há slogans gigantes em homenagem ao líder norte-coreano, Kim Jong-il, e ao seu pai, Kim Il-sung (1912-94).
O governo sul-coreano construiu aqui a sede de um programa-piloto em que os membros de famílias separadas pela divisão da Coreia, em 1945, podiam se re-encontrar.
A crise turística tem sido particularmente dura para a Coreia do Norte, que enfrenta uma escassez de alimentos e sofre com os efeitos das sanções econômicas da ONU.
No final de agosto, enquanto os visitantes chineses faziam a escalada até a cachoeira de Kuryong, dois australianos de ressaca - sua excursão de uma semana, agendada em Melbourne pelo equivalente a US$ 2.400 cada um, incluía um sólido suprimento de cerveja - tentavam recuperar o fôlego.
"As pessoas têm sido excelentes; a comida é excelente", disse Max Ward, 51.
Nessa noite, Kim fez sua apresentação aos empresários chineses. No banquete que se seguiu, um executivo do setor turístico, Wu Yuchu, dizia que o ambiente para investimentos não é estável, comparando-o ao da Líbia.
"Mais do que qualquer coisa, os empresários valorizam a segurança do seu dinheiro", disse.


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