São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ENSAIO - TIM NEVILLE

Bicicletas para atravessar os alpes

Tomas Van Houtryve para The New York Times
A Suíça adotou a bicicleta elétrica, e já existem
400 locadoras espalhadas pelo país


O uso da bicicleta elétrica é mais comum na Europa do que no resto do mundo, mas nenhum lugar adotou tanto esse conceito quanto a Suíça.
Por 50 francos por dia (cerca de US$ 62) é possível alugar uma bicicleta elétrica em uma das 400 locadoras do país, para então percorrer alguns dos 9.000 km de ciclovias bem demarcadas, com centenas de postos no caminho para recarregar novas baterias gratuitamente.
O modelo Flyer C de fabricação suíça que eu aluguei em Berna parecia uma bicicleta comum, mas pesava esmagadores 27 kg -nada menos que 18 kg a mais do que a bicicleta tipo cross que eu tenho em casa.
Há quatro configurações de energia -alta, padrão, ecológica e desligada. Um sensor de torque informa ao motor elétrico o quanto precisa me ajudar, com base na energia e na força que eu coloco nos pedais.
Passei quatro dias em um trajeto de 250 km, subindo e cruzando uma série de percursos alpinos, para avaliar se os benefícios de um motor elétrico seriam maiores que o seu peso.
Descobri que, com uma bicicleta elétrica, em vez de me preocupar com a próxima subida exaustiva eu podia relaxar sentindo o aroma das flores e escutando os sinos das vacas e ovelhas.
No primeiro dia, minha bateria estava em cerca de 40% quando cheguei a Madiswil, uma aldeia a cerca de 16 km da minha meta. Segui uma placa vermelha com o desenho de uma bicicleta e uma bateria e fui dar no hotel Gasthof Bären, um dos 600 pontos de troca espalhados pelo país, onde uma moça me deu uma nova bateria. Ao longo de toda a viagem, foi sempre assim tão fácil.
No segundo dia, pus a bicicleta no modo "alto", o que aumentou minha energia própria em cerca de 150%; o motor se desligava em torno de 25 km/h, o limite legal para uma bicicleta.
Por volta de 15h, iniciei a lenta e constante subida até o topo do Passo de Glaubenbielen, com 1.500 metros de altitude.
Foi mais difícil do que eu esperava, mas certamente cheguei lá com mais conforto -eu tinha um selim grande, amortecedores dianteiros macios e uma posição ereta.
No terceiro dia, quando a estrada chegou a uma inclinação de 12%, aprendi que eu vinha usando a bicicleta de forma errada. Numa bicicleta elétrica, é preciso resistir à tentação de fazer força; é melhor colocar uma marcha mais forte e ficar sentado, deixando o motor fazer o seu trabalho.
Cheguei rapidamente ao topo do Passo de Brünig, a 1.005 metros, mas com as baterias completamente esgotadas. Tudo bem. Lá no cume encontrei o que deve ser o mais espetacular ponto de troca de baterias no país: o Hotel Brünig Kulm.
Eu planejava para o último dia de viagem basicamente uma descida fácil de 32 km até Interlaken, onde eu apanharia o trem para Berna, a capital suíça.
Mas decidi ignorar o trem e ir de bicicleta, mesmo que isso significasse uma jornada de oito horas e 128 km. O sol ainda estava alto, e meu mapa mostrava um posto de troca acessível. Coloquei o motor no máximo e acelerei curva adentro.

ONLINE: DETALHES
Fotos e mais informações (em inglês) sobre a travessia dos alpes numa bicicleta elétrica:
travel.nytimes.com




Texto Anterior: Paciente monitorado, mas sem os fios
Próximo Texto: Pedal dá nova voz à guitarra

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.