São Paulo, segunda-feira, 20 de abril de 2009

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Ensaio
Devin Leonard

Tomando as rédeas do destino financeiro

Eis uma ideia assustadora em meio à uma crise econômica. Houve um tempo em que a Argentina e os EUA foram sérios rivais econômicos, mas isso mudou com a Grande Depressão. Os EUA se recuperaram e tornaram-se o país mais rico do mundo. A Argentina virou uma bagunça.
Como aconteceu essa virada? Em “False Economy: A Surprising Economic History of the World” [Falsa economia: uma surpreendente história econômica do mundo], Alan Beattie escreve que a resposta tem muito a ver com as reações radicalmente diferentes dos dois países ao pânico que se seguiu à quebra da Bolsa em 1929.
Os EUA rapidamente implementaram o New Deal de Franklin D. Roosevelt (1933-45). A Argentina elegeu Juan Domingo Perón (1946-55 e 1973-74), que tentou isolar economicamente o país do resto do mundo. Durante anos, a Argentina suportou enormes déficits, uma inflação disparada e uma série de outros problemas que contribuíram para o colapso econômico. Até hoje não se recuperou.
Beattie sugere que poderia ter ocorrido o contrário. E se os americanos ricos tivessem bloqueado o New Deal? E se os EUA nunca tivessem removido as barreiras comerciais que erguemos para proteger nossas indústrias da economia mundial? O país também poderia ter terminado como a Argentina.
Os países escolhem seus destinos econômicos, afirma Beattie. Vale a pena considerar isso enquanto os Estados Unidos tentam recuperar-se das hipotecas subprime. “Nós criamos esta confusão e podemos nos livrar dela”, escreve. “Fazer isso envolve confrontar uma falsa economia do pensamento —isto é, que nosso futuro econômico está predestinado e somos levados inapelavelmente por forças impessoais, enormes e incontroláveis.”
Em cada capítulo o autor tenta derrubar o que considera “mitos fatalistas” sobre a economia de diferentes países. Ele dedica um capítulo intitulado “Religião: por que os países islâmicos não enriquecem?” a refutar a opinião de alguns americanos depois do 11 de Setembro de que o islamismo é a razão dos altos índices de desemprego em muitos países árabes. Se isso fosse verdade, afirma Beattie, por que um país muçulmano como a Malásia estaria superando o desempenho da cristã Filipinas e da majoritariamente budista Tailândia? Em outro capítulo, Beattie contesta a ideia de que os países com grandes depósitos de petróleo e diamantes estão condenados à pobreza.
“O poder corruptor da riqueza mineral foi mostrado graficamente em filmes como ‘Diamantes de Sangue’, ambientado na guerra civil que devastou Serra Leoa na década de 1990 e a transformou em um dos países mais pobres da Terra”, ele escreve. Mas Beattie também diz que Botsuana, rica em diamantes, administrou seus recursos de maneira tão hábil que hoje tem uma das economias de crescimento mais rápido do mundo.
Beattie é otimista, o que é revigorante. O otimismo anda em baixa ultimamente.


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