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Varejo rejeita novo filme da Pixar
Por BROOKS BARNES
LOS ANGELES — A Pixar Animation Studios nunca lançou um filme que não fosse sucesso comercial e criativo, e ao que tudo indica seu décimo longa-metragem,
“Up – Altas Aventuras”, não será exceção
_pelo menos em termos artísticos.
Para a extrema irritação da Walt Disney
(que pagou US$ 7,4 bilhões pela Pixar em 2006), porém, dois setores econômicos importantes —Wall Street e os varejistas de brinquedos— não estão especialmente empolgados com o filme.
História sobre as aventuras de um excêntrico
septuagenário que amarra milhares
de balões a sua casa, o filme tem animação deslumbrante que evoca o trabalho de Hayao Miyazaki, cineasta e mestre do anime japonês.
Alguns analistas da indústria cinematográfica
se preocupam com o potencial comercial
do filme, especialmente sobre seu benefício a outros setores da Disney.
Doug Creutz, da Cowen and Company, disse que os temores não dizem respeito tanto à possibilidade de “Up” ser um sucesso
—ele acha que será—, mas sim à possibilidade
de a Pixar produzir o mesmo tipo de megassucesso que produziu no passado.
“Os receios são constantes, apesar do histórico de vitórias da Pixar, porque cada filme que o estúdio cria parece ser menos comercial que o anterior”, disse Creutz.
Robert A. Iger, executivo-chefe da Disney,
respondeu dizendo: “Procuramos em primeiro lugar fazer bons filmes. Se um grande filme dá lugar a uma franquia, somos a primeira empresa a alavancar esse tipo de sucesso. Uma abordagem que busque apenas o sucesso comercial tem mais chances de resultar em algo insosso e [por consequência] um fracasso.”
“Up” custou cerca de US$ 175 milhões, sem incluir os custos de marketing —valor comparável ao de outros títulos da Pixar. O filme só começará a estrear nos cinemas mundiais no próximo mês, mas os fãs da Pixar já estão se derramando em elogios.
“Sofisticado, maduro, comovente”, escreveu o blog “Blue Sky Disney”, que registra tudo que diz respeito à Pixar. O Festival de Cannes escolheu o filme para ser exibido em sua prestigiosa noite de abertura —plataforma promocional nunca
antes concedida a uma animação ou a um filme em 3D.
Mas os varejistas não veem grandes possibilidades de merchandising ligado a “Up”, e o filme deve gerar menos licenciamentos
de produtos que “Ratatouille”, até agora o título mais fraco da Pixar nesse quesito. O líder em merchandising foi “Carros”,
com vendas de US$ 5 bilhões.
A Thinkway Toys, que desde “Toy Story”, de 1995, vendeu milhares de produtos
relacionados aos filmes da Pixar, desta vez não vai produzir um único brinquedo.
A Disney considera os receios injustificados
e injustos, em vista do histórico da Pixar. Com “Ratatouille”, os analistas se preocuparam, achando que o público talvez
não quisesse assistir a um filme com um rato na cozinha. Mas o público quis. Com “Wall-E”, as pessoas recearam que a falta de diálogos deixaria as crianças entediadas.
Não foi o caso. Assim, diz a Disney, será que a Pixar já não conquistou o direito de que se confie em suas decisões?
Os marqueteiros da Disney esperavam compensar a possível falta de apelo comercial
de “Up – Altas Aventuras” exibindo
imagens do filme inacabado em vários espaços. Dentro do estúdio, os executivos estão otimistas em relação ao filme, especialmente
porque grupos que assistiram aos trechos reagiram favoravelmente. A empresa acrescentou que não espera que todos os filmes da Pixar virem franquias.
Depois de “Up – Altas Aventuras”, em 2010 chegará o abertamente comercial “Toy Story 3”, e em 2011 virá “Carros 2”.
Talvez Wall Street não se preocupasse tanto se a Pixar desse a impressão de se preocupar um pouco mais. Em encontro recente com jornalistas, o codiretor de “Up”, Pete Docter, disse que as perspectivas
comerciais do filme em nenhum momento
passaram por sua cabeça. “Fazemos
esses filmes para nós mesmos”, disse ele. “Nesse sentido, somos egoístas.”
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