São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Victoria Beckham: ela é de verdade?

Por RUTH LA FERLA

LONDRES - Victoria Beckham conduz o visitante por sua coleção de outono 2010, espalhada por cabides em seu ateliê. Ela tira um vestido usado recentemente por Cameron Diaz, e, mostrando que sabe do que está falando, identifica o material como jacquard metálico. Outro, crocante como flocos de milho, era feito de gazar. "Gazar, adoro isso", murmura Beckham, saboreando o termo como se fosse um vinho Bordeaux envelhecido.
Ela tornou-se conhecedora da moda com a mesma paixão que caracterizou suas outras atividades, as aulas de voz e música que deitaram as bases para sua carreira como a ídolo pop conhecida como Posh Spice; seu casamento com o astro do futebol britânico David Beckham; seu guarda-roupa, pensado para exibir seu corpinho enxuto e seus seios improvavelmente fartos. "Não faço nada pela metade", diz. "Se você vai fazer alguma coisa, faça direito."
Nos últimos meses, Beckham emergiu como força no setor da moda. Ela tem sido presença constante em apresentações como as da Chanel e de Marc Jacobs. Seus vestidos de coquetel sensuais foram usados por Jennifer Lopez, Drew Barrymore e Cameron Diaz e ficam expostos em lojas ao lado de grifes de luxo como Narciso Rodriguez e Vera Wang. "Não a subestime", aconselhou Anna Wintour, da "Vogue", uma de muitos editores e varejistas que aderiram a Victoria Beckham.
"Ela está virando adulta", opinou Ken Downing, diretor de moda da Neiman Marcus. "Os conhecimentos que tem de alfaiataria são impressionantes. Ela entende como exibir o que a forma feminina tem de melhor."
Roupas boas são um adjunto necessário a uma vida passada sob os olhares do público. Victoria Beckham já desfilou por passarelas de moda, foi modelo em campanhas publicitárias de alto perfil e atuou como convidada em programas de TV como "Ugly Betty", "Project Runway" e "American Idol".
Seus vestidos, no passado tão justos que exalavam uma aura kitsch, estão ficando mais descontraídos. "Meu estilo se descontraiu um pouco", disse. "Acho que você verá isso nesta próxima coleção."
Com seu sócio comercial, Simon Fuller, o criador de "American Idol", ela preside sobre uma grife de luxo que abrange vestidos, jeans, óculos de sol e uma linha de bolsas. Seus vestidos atraem clientes dispostas a pagar por uma túnica de modelagem grega ou um vestido de coquetel em formato de urna. A lealdade crescente dessas clientes contribuiu para vendas de mais de US$ 7 milhões no ano passado, disse Zach Duane, o vice-presidente sênior de desenvolvimento comercial da empresa.
Beckham é sem dúvida fundamental para o processo de desenho das roupas, já que prova os vestidos nela mesma. "Em última análise, o critério é: eu usaria isto?", disse. Ela acaba de ganhar uma indicação do Conselho Britânico de Moda para o prêmio Grife de Estilista do Ano. Na Bergdorf Goodman, seus vestidos, vendidos por entre US$ 1.500 e US$ 3.700, "estão entre os produtos de melhor desempenho", disse Jim Gold, executivo-chefe da loja varejista de luxo.
Os vestidos são feitos na Inglaterra e vendidos em cerca de 20 lojas pelo mundo afora. E, embora Victoria Beckham possa apreciar o gostinho agradável da vitória, ela ainda recebe críticas por algumas pessoas do mundo da moda que a qualificaram como mais uma em uma longa sucessão de popstars a afixar suas iniciais a vestidos criados por outra pessoa.
Beckham responde ironizando a si mesma. "Sou tão brega, sou um homem gay tentando sair do armário", costuma dizer.
Sua irreverência lhe conquistou o apreço de uma autoridade cultural como Marc Jacobs, que a incluiu em uma campanha publicitária. O apoio de Jacobs ajudou Beckham a redimir-se aos olhos dos entendedores de moda.
"Quero construir algo que seja muito respeitado", disse. Sua carreira, acrescentou, "tem a ver com acertar as coisas. Quero me assegurar de que vou estar bem posicionada daqui a 20 anos."


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