São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

O ouro ainda é opção segura

Tempos econômicos de incerteza favorecem o ouro

Por NELSON D. SCHWARTZ e GRAHAM BOWLEY
O preço do ouro vem aumentando conforme investidores ansiosos do mundo inteiro tentam adivinhar o que merece um olhar desconfiado na economia, bem, quase tudo atualmente.
O dólar fraco, o mercado de ações volátil, a economia sem brilho, o orçamento deficitário, a acomodação do Fed, o banco central americano, todas as pessoas na corrida pelo ouro.
"É um voto de protesto sobre alguma coisa errada nas políticas atuais", disse Abhay Deshpande, administrador do First Eagle Funds e um investidor experiente em ouro. "As pessoas estão quase atuando como um banco central, porque a vantagem do ouro está no fato de ser um lugar seguro em tempos como o de hoje, de tempestade".
Os altos preços praticados pelas empresas de Wall Street, além dos recentes pronunciamentos dos líderes políticos, fortaleceu o que já estava consistente, a demanda por ouro dos investidores.
E o ouro se tornou critério para os estrategistas políticos e investidores. No dia 8 de novembro, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, surpreendeu os especialistas quando sugeriu que o preço do ouro deveria ser considerado o padrão de medida, revertendo 40 anos de uso do papel-moeda para calcular as cotações no sistema monetário internacional.
Valorizado por milhares de anos, o ouro é tradicionalmente uma salvaguarda contra a inflação crescente e a incerteza política ou econômica.
O ouro é um refúgio novamente, já que os investidores estão preocupados sobre o movimento do Fed de investir US$ 600 bilhões no sistema bancário americano. Tal decisão pode enfraquecer o valor das moedas.
Nos últimos dois meses, o dólar caiu 6% na comparação com as principais moedas, mas o ouro pulou 17% e, desde a queda ocasionada pela crise financeira dois anos atrás, obteve valorização de 91%.
O metal bateu o máximo de US$ 1.424 a onça em 9 de novembro, apesar de o preço continuar 40% menor do que o pico em 1980, quando ajustado para a inflação do período.
Foi Washington que lançou a última onda. "Enquando o Fed imprime dinheiro, os mercados estão antecipando que mais dólares perseguirão a mesma quantidade de commodities, aumentando o preço delas", disse Daniel Arbess, proprietário do fundo Xerion no Perella Weinberg Partners em Nova York.
Além da oposição dos investidores, a decisão do Fed foi seguida de muita crítica de parceiros cruciais de comércio, o que inclui Alemanha, China e Brasil.
Eles dizem que inundar o mundo com dinheiro em um tempo em que as economias já estão melhorando aumenta a chance de inflação, bem como encoraja que outro países desvalorizem suas moedas.
Como o dólar tem caído, países como Tailândia, Japão, Brasil e outros estão tomando medidas para enfraquecer suas moedas em um cenário que alguns enxergam como o começo de uma corrida para a desvalorização.
"Este momento guarda semelhanças com os anos 1930 e a estratégia de depreciar a moeda entre a libra, o franco e o dólar", disse James Steel, analista-chefe de commodities do HSBC. "Naquele período, o ouro também foi muito bem".
Sinais do ressurgimento do ouro evoluíram ao longo dos meses, conforme figuras conhecidas de Wall Street, como George Soros e John Paulson, apostaram no metal. Mas a febre de ouro não está restrita aos administradores de fundo de risco.
Investidores individuais estão fazendo o possível para entrar na festa.
"As pessoas estão chegando para comprar 50 ou 100 moedas por vez, o que é muito para um investidor", disse Mark Oliari, executivo-chefe da CNT Inc., um operador de moedas de Massachussetts. "Não são somente pessoas ricas. Muitas pessoas estão colocando de 30% a 35% da sua renda em ouro".
Mas investidores de longo-prazo, como Deshpande, estão preocupados que a bonança possa, em breve, acabar.
"Está cheirando como o começo de uma bolha", advertiu. "A inflação tem de aumentar ou as moedas precisam perder valor para justificar um aumento contínuo".


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