São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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A forma Apple e IBM de controlar o mercado

Para consumidores e empresas, a inovação é chave

Por STEVE LOHR
IBM e Apple sempre estiveram em lados opostos.
"Big Blue", como a IBM é chamada, é vista como uma máquina -uma companhia que fornece produtos para as corporações e para o governo, conhecida pelos planos de lucro de cinco anos. A Apple, por outro lado, é considerada uma fábrica de produtos voltados para o consumidor.
As duas companhias podem ser vistas como o yin e o yang da inovação de alta tecnologia: elas têm mais em comum do que o percebido geralmente. Há muita invenção e profunda ciência nos variados negócios da IBM, especialistas dizem. E o contínuo sucesso da Apple, afirmam, é explicado em grande parte pela habilidade de inovar.
IBM e Apple perseguem mercados diferentes, mas há similaridade na estratégia, segundo David Yoffie, professor da Escola de Negócios de Harvard. O grande momento da IBM, observa, veio cerca de 15 anos atrás.
O objetivo, Yoffie destaca, era construir um negócio lucrativo com receita recorrente, baseada nos serviços de contrato e nas licenças de software, além de atrair parceiros industriais e desenvolvedores de softwares para usar sua tecnologia.
Nos últimos dez anos, a Apple abraçou essa estratégia. Os parceiros da companhia e os desenvolvedores fizeram os softwares do iPhone e do iTunes e dividiram com a Apple a renda gerada pelos aplicativos de música e software vendidos na iStore. "Cada companhia criou um ecossistema de parceiros e desenvolvedores em torno dos produtos", disse Yoffie. "E os dois dependem de inovação constante".
Quando Steve Jobs retornou à companhia em 1997, a Apple estava sofrendo uma série de problemas, como manufaturas ineficientes e falta de controle de custos. Perdeu mais de US$ 1 bilhão no ano fiscal de 1997. No começo de 1998, Jobs recrutou Timothy Cook, especialista em operações que tinha passado os últimos 12 anos na IBM.
Manter inovação constante, especialistas dizem, requer uma mistura de sistemas administrativos e liderança inspiracional. Na Apple, a inspiração está na personalidade de Jobs, e a habilidade da companhia em tornar popular produtos de consumo.
Na IBM, a engenharia de inspiração é mais um tema: a organização da pesquisa científica e da tecnologia para lidar com os grandes desafios para os negócios e para a sociedade em campos como energia, poluição, transporte e cobertura de saúde. E a IBM gastou centenas de milhões de dólares no seu "Smarter Planet", uma campanha de marketing.
"É marketing, mas é também uma grande ideia que traduz a missão da companhia para o mundo e para seus empregados", disse John Kao, consultor de inovação para governos e negócios.
Uma diferença clara entre as duas companhias, especialistas dizem, está no seu apoio à pesquisa. A IBM tem laboratórios espalhados pelo mundo, gasta US$ 6 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento e gera mais patentes por ano do que qualquer outra companhia.
Cinco cientistas da IBM ganharam o Nobel, seus pesquisadores são chamados para conferências científicas, publicam estudos e têm papel fundamental nos avanços da computação, da ciência e da matemática.
Já a Apple só leva em consideração os produtos de inovação, não as invenções científicas. Sua ênfase está na experiência do usuário, explica um administrador da Apple.
Os especialistas técnicos da Apple estreiam novas tecnologias comerciais com os fornecedores, afirmou. Os protótipos são mostrados somente para Jobs e seus conselheiros. Por exemplo, dos três protótipos do iPhone, os dois primeiros foram desconsiderados, um administrador da companhia revelou.


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