São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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AJAY BANGA

Executivo sem fronteiras

"'Como é ter uma aparência como a sua, trabalhando no Ocidente?' Que diferença isso faz?"

Por VIKAS BAJAJ e ANDREW MARTIN
MUMBAI, Índia - Um dia depois de o governo indiano começar a distribuir documentos de identidade a todos os seus 1,2 bilhão de cidadãos, Ajay Banga, o novo executivo-chefe da MasterCard, chegou à cidade interessado em oferecer sua ajuda.
O programa irá identificar as pessoas por suas impressões digitais e pela retina e pode facilitar o caminho do governo para direcionar pagamentos aos pobres.
Banga diz ter uma forma simples de processar os pagamentos: a rede MasterCard.
"Não fui educado nos EUA. Fui educado na Índia e entendo o que vocês estão tentando fazer", declarou numa recente entrevista coletiva.
Embora Banga tenha ascendido ao topo do ambiente corporativo dos Estados Unidos, seu sucesso está fincado na Índia, país em que nasceu e começou a carreira. E seu êxito na MasterCard pode também depender da Índia. A competição pelos pagamentos é intensa nos Estados Unidos, mas os principais campos de batalha se localizam em países como a Índia e o Brasil.
"Sejam 200 milhões ou 400 milhões, são muitos milhões", diz sobre o possível tamanho da classe média global emergente.
Mas Banga, 50, está assumindo a MasterCard num momento de obstáculos para a empresa -de novas regras para cartões de crédito e débito nos EUA ao surgimento de concorrentes oferecendo transações on-line e sem fio.
Com Banga, a MasterCard acredita ter encontrado um candidato ideal para enfrentar tais desafios. "Ele traz uma vibração diferente, um senso diferente de urgência para a companhia", afirma Adam Frisch, analista do Morgan Stanley. "Antevejo que a velocidade da MasterCard vai mudar."
Banga, um seguidor da religião sikh, de barba e bigodes muito negros, diz adorar vinhos finos, o [time de beisebol] New York Mets, Lady Gaga e hinos sikhs. Ele começou sua carreira na Nestlé e na Pepsi da Índia.
O executivo entrou para o Citigroup em 1996 e ascendeu rapidamente. De 2000 a 2002, dirigiu o CitiFinancial em Nova York. Durante sua passagem pelo Citigroup, o banco quase naufragou, mas uma porta-voz disse que Banga não se envolveu nos instrumentos financeiros que causaram os problemas do Citi. Questionado sobre o que aprendeu com essas dificuldades, Banga disse simplesmente que nada teve a ver com elas.
Dinyar Devitre, que era o encarregado do Citigroup para Europa e Oriente Médio e que contratou Banga como seu braço-direito, diz que sua origem sikh acabou funcionando a seu favor.
"As pessoas olham para ele e dizem: 'ele usa turbante e chegou ao topo. Deve ser extraordinariamente dotado'."
Mas Banga afirma que a seu aspecto é irrelevante. "As pessoas dizem: 'Como é ter uma aparência como a sua, trabalhando no Ocidente?' Que diferença isso faz?"
Quando a MasterCard o chamou em 2009, Banga foi contratado como diretor operacional, sabendo que logo assumiria a empresa. Isso aconteceu em 1° de julho deste ano.
Banga admite haver obstáculos no rumo que estabeleceu para a empresa, mas garante que são contrabalançados com folga pelas oportunidades advindas das formas eletrônicas de pagamento.
"Dinheiro em espécie é caro, dinheiro em espécie é ineficiente", diz.
"É preciso imprimi-lo, transportá-lo, protegê-lo, armazená-lo e trocá-lo."


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