São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Descobertas

Rastros no leito do mar

HENRY FOUNTAIN

Um grupo de cientistas fez uma descoberta incomum numa expedição nas Bahamas. No leito do mar, a mais de 600 metros de profundidade, um veículo submersível gravou imagens de algo que um dos pesquisadores, Mikhail Matz, da Universidade do Texas, descreveu como "uma bola sem cérebro, sem olhos, sem cor, completamente coberta de lama".
Os cientistas descobriram que essas bolas, que tinham cerca de dois centímetros de diâmetro, pareciam ter deixado rastros no leito do mar.
Agora, num artigo publicado na "Current Biology", Matz descreveu a descoberta: trata-se de uma ameba gigante do gênero Gromia, um invólucro transparente de protoplasma com um centro repleto de água que o ajuda a manter sua forma esférica.
A criatura rola, puxando-se para a frenteao liberar pedaços de protoplasma. Os pesquisadores perceberam que os rastros eram parecidos a ranhuras encontradas em fósseis do leito do mar que datam de mais de 550 milhões de anos. Assim, as amebas rolantes levantam dúvidas sobre como a vida na Terra se diversificou.
Muitos cientistas até hoje argumentaram que organismos multicelulares dotados de duas metades espelhadas ocorreram antes da chamada explosão cambriana de formas de vida diversificadas, 542 milhões de anos atrás. Um dos principais argumentos em favor dessa teoria era dado pelos rastros fossilizados. Parecia claro que apenas uma criatura complexa, bilateralmente simétrica, seria capaz de mover-se sozinha, deixando rastros desse tipo.
Mas o Gromia é unicelular e não bilateralmente simétrico e mesmo assim deixa rastros muito semelhantes. "É um golpe à escola de pensamento segundo a qual os animais evoluíram lentamente no Pré-Cambriano", disse Matz.


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