São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Os desafios da escalada profissional de uma mulher

Por PHYLLIS KORKKI

Não era só questão de tempo para que as mulheres se equiparassem aos homens nos altos escalões corporativos? Afinal de contas, as mulheres nos EUA compõem quase metade da força de trabalho.
Mas, apesar de notícias como a recente nomeação de Meg Whitman como presidente da Hewlett-Packard, uma olhada nos números mostra que o progresso no topo parou.
No ano passado, as mulheres detinham cerca de 14% dos principais cargos nas empresas da Fortune 500, segundo a ONG Catalyst, que foca questões profissionais femininas. Esse número quase não oscila desde 2005.
Ilene Lang, presidente da Catalyst, atribui isso em parte a um "sexismo entrincheirado", que não se torna mais inofensivo por ser em grande medida inconsciente.
Na opinião dela, os homens tendem a ser promovidos com base no seu potencial, enquanto as mulheres precisam provar seu valor repetidamente.
E palavras como "agressivo" podem ser usadas para descrever candidatos ideais -e um homem fica mais confortável com esse rótulo do que uma mulher.
Para Lang, as empresas deveriam exigir dos seus gestores que promovam mulheres, além de mensurar ativamente o progresso delas.
E não é que não haja avanços. Uma rica fonte de talento feminino existe logo abaixo dos escalões superiores, segundo Sylvia Ann Hewlett, fundadora e presidente do Centro para as Políticas Trabalho-Vida, uma organização de pesquisas.
Mas as mulheres ficam retidas nessa faixa porque em geral carecem de alguém que as patrocine no topo, afirma ela.
Esses "patrocinadores" são diferentes de mentores, que dão conselhos como amigos.
Os patrocinadores bancam diretamente a aposta na promoção de suas protegidas. "As mulheres tendem a ter muitos mentores e poucos patrocinadores", afirma Hewlett.
Uma razão para isso é que as mulheres se sentem menos confortáveis para usar amizades profissionais para conseguir alguma coisa, enquanto para os homens isso é quase uma segunda natureza, diz ela.
Outra questão é mais complicada de discutir. Os homens são maioria nos cargos graduados e muitos temem que fofocas se espalhem se eles forem vistos regularmente com uma colega.
Para Hewlett, as empresas precisam fazer do "patrocínio" uma parte transparente e integral da sua cultura.
A autopromoção é outra habilidade crucial, mas as mulheres tendem a elogiar as outras e a omitir modestamente as suas próprias contribuições, afirma Peggy Klaus, "coach" de executivos e especialista em liderança corporativa.
"Aí elas ficam realmente com raiva quando são preteridas no bônus e na promoção."
Como disse Hewlett, "as mulheres têm essa fé extraordinária na meritocracia", mas precisam de mais do que isso para chegarem até o topo.


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