São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2011

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Envie um avatar para causar boa impressão

Por JOHN TIERNEY

Sem deixar a sala de sua casa ou seu escritório, você poderá se sentar em reuniões e aulas virtuais tridimensionais, olhando para os avatares de seus colegas em volta da mesa ou da sala de aula. Isso soa como uma visão futurista exagerada? Em seu novo livro, "Infinite Reality", Jim Blascovich e Jeremy Bailenson insistem que conferências tridimensionais com avatares são uma perspectiva próxima. Os psicólogos apontam para três novidades: o sistema de rastreamento Microsoft Kinect para o Xbox, o aparelho de games 3DS da Nintendo e a vitória do computador Watson, da IBM, no game show de televisão "Jeopardy!".
"Esses três eventos mudaram os paradigmas para as conferências com avatares", diz Bailenson, diretor fundador do Laboratório de Interação Humana Virtual da Universidade Stanford, na Califórnia. "Os cientistas da realidade virtual esperavam por esses eventos havia décadas."
O aparelho de rastreamento Kinect mostra que hoje é possível você controlar seu avatar, simplesmente se movimentando pela sala. Não há mais necessidade de roupas especiais ou sensores complexos em um laboratório. Tampouco é preciso usar óculos especiais para enxergar em 3D, graças à tela "auto-estéreo" do novo Nintendo 3DS, que projeta uma imagem tridimensional para o olho nu.
Com essas tecnologias -além de alguns truques que já foram realizados no laboratório-, você pode se sentar diante de uma mesa de conferência virtual e trocar olhares com os avatares dos outros participantes. Seu avatar vai ter aparência tridimensional. Baseado em sua foto e rastreando seus movimentos, será uma imagem bastante precisa de você e suas reações.
Mas até que ponto você vai querer que seu avatar seja fiel à realidade? Em uma sala de aula virtual, por exemplo, você pode querer programar seu avatar para que aparentemente fique sentado ereto e olhe atentamente para o professor -ao mesmo tempo em que você mesmo fica reclinado e olha em volta da sala.
Agora que computadores como o Watson ficaram tão hábeis em emular humanos, os avatares poderiam ser programados para entrar em modo de piloto automático durante uma aula ou reunião, dizem Blascovich e Bailenson. Em "Infinite Reality", eles imaginam um sujeito preguiçoso chamado Dave que dorme enquanto seu avatar comparece a uma reunião de negócios às 8h00, vestido impecavelmente e plenamente alerta.
Para causar uma impressão virtual realmente positiva, Dave poderia explorar uma tática que já foi demonstrada em experimentos envolvendo os rostos de políticos. Quando pesquisadores fundem parcialmente o rosto de uma pessoa com o rosto de um político, aumenta a probabilidade de essa pessoa aprovar o político -e ela não faz ideia do porquê disso. Desde que a proporção dos traços faciais do político não passe de 40%, a pessoa nem sequer se dá conta de que a foto foi modificada.
Portanto, dizem Blascovich e Bailenson, é concebível que se pudesse criar um avatar com rosto parcialmente fundido com o rosto de qualquer pessoa na sala em quem você quisesse causar boa impressão. Presume-se que isso tornaria você mais popular junto a seus colegas ou clientes -que, é claro, poderiam estar empregando exatamente a mesma estratégia, exibindo avatares fundidos com seus traços faciais.
Haveria muitos sentimentos positivos presentes na sala, supondo que algum dos donos dos avatares estivesse acordado de fato.


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