São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Dinheiro e negócios

Batalha no local de trabalho: mulheres se intimidam mutuamente

Por MICKEY MEECE

Gritos, tramas e sabotagens: tudo isso é sinal de intimidação no trabalho. Ante a crise atual, os níveis de estresse sobem, dizem pesquisadores do trabalho, e os intimidadores tendem a ampliar seus ataques. Provavelmente não é surpresa que a maioria desses valentões seja homens, como sugere uma pesquisa feita nos EUA pelo Instituto da Intimidação no Trabalho. Mas cerca de 40% dos intimidadores são mulheres. E elas parecem escolher outras mulheres como alvo em mais de 70% das vezes.
As mulheres não gostam de falar disso porque é "a antítese da forma como deveríamos nos comportar com as outras mulheres", disse Peggy Klaus, "coach" de executivos em Berkeley, na Califórnia. "Deveríamos ser as nutridores e apoiadoras."
Pergunte às mulheres sobre conflitos com outras mulheres no trabalho, e algumas dirão que pessoas de ambos os sexos podem se portar mal. Outras aquiescerão imediatamente e lembrarão de exemplos de como as mulheres -mais do que os homens- as têm maltratado. "Fui sabotada tantas vezes no ambiente de trabalho por outras mulheres que finalmente deixei o mundo corporativo e comecei meu próprio negócio", disse Roxy Westphal, empresária em Scottsdale, no Estado do Arizona.
Jean Kondek, que recentemente se aposentou após 30 anos de carreira publicitária, lembra do ódio que sentiu quando a administradora de uma pequena agência a repreendeu diante dos colegas, por não seguir os procedimentos da empresa numa emergência com um cliente.
Mas Kondek reagiu. "Disse: 'Poderiam todos sair, por favor?', e aí eu respondi a ela: 'Não é assim que você lida com isso'."
Especialistas em liderança se perguntam se as mulheres estão sendo "excessivamente agressivas" porque há oportunidades de menos para o seu avanço, ou se isso é um estereótipo, e existiria na verdade apenas uma percepção de que as mulheres estão sendo agressivas.
Uma pesquisa da entidade sem fins lucrativos Catalyst sobre estereótipos dos gêneros sugere que, não importa como as mulheres escolham liderar, em geral se considera que elas "nunca estão certas". Além disso, segundo o estudo, as mulheres precisam se empenhar o dobro dos homens para alcançar o mesmo nível de reconhecimento e provar sua capacidade de liderança. "Se as líderes empresariais mulheres agem consistentemente com os estereótipos de gêneros, são consideradas brandas demais", concluiu o grupo em um estudo de 2007. "Se elas vão contra os estereótipos dos gêneros, são consideradas duras demais." A intimidação envolve formas de comportamento agressivo (hostil) verbal ou psicológico, que persistem por seis meses ou mais. O Instituto da Intimidação no Trabalho diz que 37% dos trabalhadores podem sofrer esse tipo de assédio.
Duas pesquisadoras canadenses recentemente se puseram a examinar o assédio moral que opõe as mulheres a outras mulheres. Descobriram que algumas podem sabotar as outras porque sentem que ajudar suas colegas ameaçaria suas próprias carreiras.
Uma das pesquisadoras, Grace Lau, doutoranda da Universidade de Waterloo, disse que a meta é estimular as mulheres a se ajudarem. "Como? Um jeito seria fazê-las recordar que são membros do mesmo grupo." No local de trabalho, porém, é improvável que as mulheres pensem constantemente em si como membros de um grupo, disse ela.
"Como resultado, as mulheres podem não sentir a necessidade de se ajudar [umas às outras]", afirmou. "Elas podem até sentir que, a fim de avançar, precisam sabotar suas colegas sonegando informações como oportunidades de promoção, e que as mulheres são mais fáceis de intimidar do que os homens, porque supostamente são menos duronas."


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