São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Sabor das Filipinas no Brooklyn

Por SAM DOLNICK

Quando os navios de cruzeiro atracam em Red Hook, no Brooklyn, seus passageiros entram em táxis e ônibus fretados. Enquanto isso, muitos dos camareiros, garçons, barmen e engenheiros se dirigem a uma antiga loja de artigos de pesca. A fachada coberta de bambu evoca as Filipinas. O cheiro de peixe grelhado, leite de coco e cozido com sangue de porco não deixa dúvidas.
Benjamin David, ex-garçom de navio, serve pratos filipinos clássicos, como miúdos com arroz e salada de melão amargo, no seu estabelecimento, o Philly-Pinoy. Sua clientela é formada por um dos nichos étnicos no mercado global, o de filipinos que trabalham nos navios de cruzeiro.
"Estamos com saudades de casa, saudades da comida, de tudo aquilo com que crescemos", disse Nick Rabaya, 42, um filipino que há cinco anos serve mesas no Caribbean Princess. "Quando eu provo desta comida", afirmou, "é como ir para casa".
David, 43, é indiano e nunca esteve nas Filipinas. Mas sabe por experiência própria como os trabalhadores se sentem.
Ele só oferece o menu filipino -incluindo o popular "dinuguan", uma iguaria preparada com sangue suíno- quando há navios atracados. "Eu gosto de ver as pessoas confortáveis, felizes e comendo", disse ele. Os tripulantes dos navios geralmente têm tempo para um almoço e quase nada mais no seu intervalo.
Um estudo de 2008, tendo 116 navios com amostra, mostrou que os filipinos compõem cerca de 14% das tripulações dos cruzeiros. Os navios de cruzeiro pagam relativamente bem, e trabalhar no mar pode ser mais fácil do que conseguir emprego em outros países, devido a problemas com vistos.
O garçom marítimo Rodrigo Francisco, 41, cavucou o arroz e os miúdos de porco com os dedos, à moda filipina, e declarou que a comida era tão saborosa como se fosse caseira. Mas rapidamente acrescentou: "Ninguém pode ser tão boa cozinheira quanto a mulher da gente".
David, que é de Mumbai, estabeleceu um vínculo com as Filipinas por intermédio da sua cunhada, a filipina Rowena David.
Ela, o marido e David trabalharam durante vários anos em navios, e conheceram as dificuldades enfrentadas por empregados que passam até dez meses por ano longe de casa. Francisco contou que, assim que volta ao mar, começa a contar os dias que faltam para regressar ao porto do Brooklyn.
"Eu penso em que tipo de peixe eles estão cozinhando, qual molho", afirmou.
Um contingente de trabalhadores romenos do navio tinha uma pergunta para David: "Da próxima vez, quem sabe umas costeletas de porco grelhadas? Ou outros pratos romenos?".


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