São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Boates surgem em locais improváveis

Por ALEXIS SWERDLOFF

Botecos chineses, restaurantes no Brooklyn, boates de strip-tease, escritórios no centro de Manhattan, armazéns vazios e até mesmo uma lavanderia -nos últimos meses, em Nova York, esses lugares serviram de cenário para "pop-up clubs", casas noturnas de funcionamento efêmero e improvisado.
Como as casas noturnas da cidade enfrentam restrições devido a questões como o barulho, os promotores de festas precisaram recorrer a lugares inesperados.
A ilegalidade só torna tudo mais excitante. Quanto menos sofisticado o lugar, melhor ele é.
"Os donos de clubes acham que você precisa gastar uma tonelada de dinheiro em iluminação e mobiliário mas, sinceramente, nada disso importa", disse Mia Moretti, DJ habitué do "Madame Wong", um "pop-up" que funciona no restaurante taiwanês Jobee, na rua Howard. "Só importa que a música seja boa, as pessoas sejam boas, e esteja escuro."
Restaurantes são um local óbvio, porque a maioria tem alvará para a venda de álcool. E quanto mais brega e distante, melhor. Isso pode explicar o apelo do China Chalet, um salão de banquetes com dragões e neons, na baixa Broadway.
A "Journal", sofisticada revista trimestral de arte, realizou ali uma festa de lançamento de uma edição. "Estou cansado de lugares que estão na moda", disse Michael Nevin, editor da "Journal".
O preço também não incomoda. Nevin não precisou pagar nada para alugar o vasto salão do segundo andar. Só teve de garantir um faturamento de US$ 3.500 para o bar.
O restaurante também se beneficia. "Financeiramente, não é um enorme afluxo de dinheiro para nós, mas obviamente ajuda", disse o gerente Keith Ng. O mais valioso, segundo ele, é que "alguém virá para uma festa, e aí talvez venha aqui para um coquetel ou jantar outra noite".
Mas os restaurantes já começaram a parecer previsíveis, fazendo os promotores passarem a procurar lugares mais esquisitos. Em maio, a "Get Your Dance On", uma festa itinerante, montou uma casa noturna no playground de uma antiga escola católica.
Em meados de junho uma lavanderia no Brooklyn recebeu a festa "Dirty Disco Laundrette". Por US$ 75, os participantes do Brooklyn puderam beber a noite toda, empurrar os amigos em carrinhos de lavanderia e dançar em cima das máquinas de lavar.
Os "pop-up clubs" estão se espalhando também para outras cidades. Em Los Angeles, Paul Sevigny e André Saraiva abriram um bar temporário chamado Paul & André, no espaço da recém-fechada boate Cinespace.
As casas noturnas tradicionais também estão de olho na tendência. A Le Baron, badalada boate parisiense criada por Saraiva, monta todo ano um "pop-up" na feira artística Art Basel, em Miami Beach.
Nesta época de avaliações de usuários pela internet e de guias de bares no GPS, em que tudo está a um clique no Google, o "pop-up club" virou uma versão digital do "speakasy" (bar clandestino no tempo da Lei Seca) -um lugar sem identificação na fachada e sem pistas no ciberespaço.
Essa fórmula certamente funciona para Simonez Wolf, que começou o "Madame Wong" em março em um outro local.
Sucesso instantâneo, mas o evento foi fechado pela polícia por superlotação. Em junho, reabriu no Jobee. Wolf anota possíveis locais para clubes e cobiça o bar giratório no topo do Marriott Marquis, na Times Square.


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