São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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TENDÊNCIAS MUNDIAIS

Espiões a serviço de outros países

Por CHRISTOPHER DREW
Huang Kexue, autoridades federais dizem, é um novo tipo de espião. Por cinco anos, Huang era um cientista no laboratório Dow Chemical no Estado americano de Indiana, estudando maneiras de melhorar os inseticidas.
Mas antes de ser demitido em 2008, Huang começou a dividir os segredos da empresa com pesquisadores chineses, segundo autoridades, para obter recursos de uma fundação estatal chinesa.
Agora, Huang, que nasceu na China e possui cidadania americana, responde por uma rara acusação criminal -envolvimento em espionagem econômica para favorecer os interesses chineses.
A Justiça diz que o tipo de espionagem que Huang está sendo acusado representa uma nova frente na batalha pela liderança econômica global.
Com a China e outros países aumentando seus esforços para obter a tecnologia do Ocidente, indústrias americanas, além dos tradicionais alvos militares e de alta-tecnologia, estão tendo problemas com a exposição de segredos valiosos por seus próprios empregados, conforme o histórico de julgamentos mostra.
Promotores dizem ser difícil provar ligações com governos estrangeiros, mas funcionários da inteligência dizem que China, Rússia e Irã estão entre os países que mais utilizam esse método para obter novas tecnologias.
Huang, 45, que se diz injustiçado, está sendo processado, através da utilização de um dispositivo da lei. Criada pelo Congresso americano em 1996 para incidir sobre casos de espionagem depois da Guerra Fria, a lei diz ser crime o furto de segredos econômicos comerciais, como códigos de software e descobertas de laboratório.
O crime avança para espionagem se os criminosos estiverem a serviço de um governo estrangeiro. Acusações de espionagem econômica também estão sendo feitas a Jin Hanjuan, engenheiro de software da Motorola preso com um notebook da companhia com arquivos repletos de documentos sigilosos.
A prisão, de acordo com a promotoria, ocorreu quando embarcava para a China.
Funcionários americanos e companhias de comércio dizem temer que a espionagem econômica cresça na China à medida que o interesse pelo know-how ocidental se espalhe pelos setores da economia.
Mas analistas de segurança dizem que algumas companhias americanas também são culpadas pelo vazamento, porque não monitoram de forma adequada seus funcionários.
O processo de flagrar e processar os espiões é também difícil por causa da recusa de algumas companhias de reportar as infrações às autoridades.
"Quando você tem companhias de capital aberto com seu valor acionário dependente, por exemplo, do grau de inovação, a última coisa que a direção deseja é que o acionista pense que as ações estão comprometidas", disse Michal Maloof, funcionário chefe de tecnologia da TriGeo Network Security, uma companhia que fornece sistema de monitoramento de computadores.


Colaborou Sarah Chen



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