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São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Times buscam vantagem de "Avatar"

Por JAMES GLANZ e ALAN SCHWARZ
Na busca interminável pela vantagem atlética, alguns tipos americanos de beisebol da primeira liga mergulharam numa corrida complexa, em grande medida clandestina, para dominar uma tecnologia avançada de imageamento que pode influenciar o modo como atletas de todas as idades treinam, atuam e se recuperam de lesões.
A tecnologia em questão é um híbrido improvável. Ela combina a tecnologia que captura os gestos humanos e que está ao cerne de animações tridimensionais como as de "Avatar" com sensores avançados, biomecâmica e pesquisas ortopédicas sobre as maneiras mais potentes e menos prejudiciais de lançar uma bola, brandir uma raquete ou simplesmente correr como o vento.
A técnica gera em um computador uma representação tridimensional completa que pode ser vista desde qualquer direção, reproduzida para frente e para trás e analisada para calcular ângulos e acelerações precisos de membros, as tensões exercidas sobre articulações, as velocidades de bolas e as forças gravitacionais que as geram.
Conhecida como captura de movimento, a técnica virou ferramenta reconhecida para ajudar atletas e não atletas a recuperar-se de lesões, disse Chris Bregler, professor associado de ciência da computação e diretor do Laboratório do Movimento da Universidade de Nova York.
Em um caso, uma empresa encontrou uma maneira de criar a ilusão de que um jogador de futebol estava imerso em um videogame tridimensional em estilo EA Sports Madden. Com isso, o atleta pode treinar com animações em tamanho natural cujos movimentos são baseados em dados sobre adversários específicos. O jogador real usa óculos 3D enquanto corre, dribla e chuta, ao mesmo tempo em que personagens do EA Madder correm atrás dele.
Pesquisadores empregaram uma tecnologia semelhante para criar e transmitir imagens em tamanho natural de dançarinos, de modo que pessoas que estão em lugares diferentes possam treinar danças juntos.
Uma versão da técnica conhecida como tele-imersão foi usada para o "treinamento à distância", em que um treinador que está em um lugar pode ver tridimensionalmente uma equipe treinando em outro lugar.
Operando em grande medida em segredo, alguns times de beisebol já começaram a usar a tecnologia em grande escala, com a esperança de evitar lesões, ajustar os movimentos dos lançadores e batedores e até mesmo ajudar jogadores que passam por fases em que estão jogando mal.
Pelo menos três times -Boston Red Sox, San Francisco Giants e Milwaukee Brewers- estão filmando dezenas de jogadores, revelam treinadores, médicos e técnicos familiarizados com o trabalho.
No futebol americano, funcionários da empresa que desenvolve a tecnologia revelaram que o time Green Bay Packers, no Wisconsin, testou uma das versões do sistema, e um laboratório de captura de movimento foi construído no campus da equipe New England Patriots, em Foxborough, Massachusetts.
No interior do laboratório cavernoso, o jovem atacante amador Phil McCarthy da Universidade Old Dominion, na Virgínia, repassava metodicamente sua rotina de treinamento, com todos os movimentos habituais do esporte.
Cerca de 75 pequenos globos brancos estavam colados a seu corpo, como se ele tivesse contraído uma doença estranha. No alto, uma fileira de 20 câmeras de alta velocidade, todas emitindo luz vermelha, capturou imagens dos globos refletores com a ajuda de uma lâmpada estroboscópica vermelha.
A nuvem desencarnada de globos apareceu em um telão, e, num relance, o programa virtual interligou os pontos, fazendo surgir na tela um gêmeo biomecanicamente exato de McCarthy.
Seus movimentos tinham sido capturados em 3D, com detalhes suficientes para calcular a tensão sobre seu pulso e a velocidade angular de seus ombros.
Alguns especialistas preveem que, quando os programas se tornarem mais conhecidos, poderão deslanchar uma corrida tecnológica, conferindo aos treinadores mais jovens e adeptos da tecnologia uma nova vantagem em relação aos tradicionalistas.
Bill Schlough, executivo-chefe de informação do San Francisco Giants, não deixou que repórteres vissem o sistema usado por sua equipe e nem sequer confirmou a localização dela, mas disse: "Alguns treinadores enxergam isto como algum tipo de truque. Será que ainda haverá muitos como eles dentro de 20 anos? Duvido."


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