São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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Doce norte-americano conquista mundo árabe


Cupcake é símbolo de prestígio no Oriente Médio


Por ANNA LOUIE SUSSMAN
AMÃ, Jordânia - Quando era jovem estudante na escola internacional Aramco, na Arábia Saudita, Fabi Jaber, filho de refugiados palestinos, sempre preferia os cupcakes (bolinhos individuais decorados, semelhantes a muffins), brownies e biscoitos com gotas de chocolate de seus colegas americanos aos doces feitos por sua mãe, como knafehs, qatayefs e baclavás.
Mas, em 2004, quando Jaber saboreou um cupcake com glacê de baunilha da padaria Magnolia, em Nova York, sua vida mudou. Ele abandonou seu emprego em marketing na multinacional Unilever e usou suas economias para matricular-se num curso de padaria e culinária no Instituto de Educação Culinária, em Manhattan. Depois de fazer um estágio na Billy's Bakery, em Nova York, Jaber estava pronto para dar o próximo passo. Em julho de 2007, em Amã, abriu a loja Sugar Daddy's, que levou a mania dos cupcakes para o Oriente Médio.
As lojas de cupcakes já viraram presença tão constante quanto carrinhos de cachorro-quente em algumas cidades americanas e já se espalharam também para Roma, Istambul, Berlim, Seul e Sydney. Agora, Jaber quer provar que nem mesmo o mundo árabe é imune a uma frivolidade tão ocidental.
Membros da família real da Jordânia vão à loja usando jeans e camisetas e pedem cupcakes enquanto seus guarda-costas os aguardam do lado de fora. Dizem os boatos que até mesmo a rainha Rania é fã dos docinhos.
Desde dezembro de 2008, a loja, que também vende cheesecakes e brownies, está instalada no bairro de alto padrão de Abdoun, que abriga embaixadas e restaurantes sofisticados. Jaber já abriu uma Sugar Daddy's em Beirute e outra em Dubai.
A maioria de sua clientela (95% da qual é formada por mulheres, segundo sua estimativa) já conhecia os cupcakes por ter vivido ou estudado no exterior. Outras pessoas os conheciam do seriado "Sex and the City", que é exibido por emissoras via satélite.
Nabil al Rabaa é sócio de Jaber na loja em Beirute, aberta no ano passado, e disse que, embora a maioria das freguesas já tivesse visto cupcakes antes, houve alguma confusão inicial. "Muitas pessoas diziam 'quero esse muffin e um daqueles'", ele contou. "Por favor! São cupcakes!"
Kamal Mouzawak, que escreve sobre comida, disse que a rede de lojas atende ao gosto histórico da região por doces. "Também gostamos muito de sucessos importados e curtimos seguir modas alimentares", disse Mouzawak, que tem um fraco pelo cupcake de bolo de cenoura.
A jornalista Dalila Mahdawi, 23, de Beirute, disse que os cupcakes são um símbolo de prestígio. "Os árabes com dinheiro gostam de gastá-lo com artigos de luxo, e estes são artigos muito criativos e de apresentação primorosa", disse ela.
Custando cerca de US$ 2 cada, os cupcakes são de fato um luxo no Líbano e na Jordânia, onde o PIB per capita anual é de respectivamente US$ 11,1 mil e US$ 5.000, segundo o "World Factbook" da agência de Inteligência americana.
Os cupcakes conseguiram superar a divisão mais acirrada no Oriente Médio: três lojas on-line de cupcakes foram abertas no ano passado em Israel, todas em Tel Aviv.
Jaber, que espera ampliar seu negócio ainda mais, insiste em que seu produto é imune ao antiamericanismo que grassa na região. "Esta sobremesa exerce atração universal", disse ele. "Sem falar que está na moda chegar a uma festa com uma caixa de cupcakes na mão."

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