São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Lâmpada "ecológica" irrita consumidores


Reclamações contra as fluorescentes se acumulam


Por LEORA BROYDO VESTEL

SAN FRANCISCO - Parece simples: compre lâmpadas novas, atarraxe-as e ajude a salvar o planeta. Mas muita gente não tem visto nada de simples nas novas lâmpadas fluorescentes compactas. Consumidores se queixam de que às vezes elas não funcionam ou queimam rapidamente. Na melhor das hipóteses, descobrem que usá-las exige o aprendizado de uma longa lista de regras.
Veja o caso de Karen Zuercher e seu marido, em San Francisco (EUA). Inspirados no filme "Uma Verdade Inconveniente", eles decidiram trocar as lâmpadas incandescentes da sua casa por fluorescentes compactas, mais econômicas. Em vez de viverem um lindo momento "verde", tiveram de enfrentar uma baita confusão.
"Eis a minha triste coleção de lâmpadas que não funcionaram", disse Zuercher ao tirar da prateleira da sua lavanderia uma caixa de papelão contendo lâmpadas inutilizadas. Uma das 16 lâmpadas da marca Feit Electric que o casal Zuercher comprou não funcionou, e outras três "morreram" em questão de horas, segundo eles. As lâmpadas deveriam durar 10 mil horas, ou seja, vários anos de uso normal. "É irritante", disse Zuercher.
A irritação parece crescer junto com o consumo de lâmpadas fluorescentes compactas, que atualmente ocupam 11% dos soquetes compatíveis nos EUA -são 330 milhões de lâmpadas vendidas por ano. Na internet, usuários vociferam queixas depois de testar as lâmpadas.
Os fabricantes dizem que em geral a qualidade das lâmpadas fluorescentes atuais é alta. Mas também admitem que é difícil evitar que algumas lâmpadas problemáticas passem. Para especialistas, os problemas de qualidade são agravados por instruções ruins nas embalagens. Colocar modelos baratos em soquetes que podem esquentar, por exemplo, reduz bastante a sua vida útil.
Alguns especialistas que estudam a questão culpam o governo dos EUA pelos problemas de qualidade, dizendo que as iniciativas federais para reduzir o preço estimularam os fabricantes a usarem componentes baratos. "Na busca pelo Santo Graal, pisamos no consumidor", disse Michael Siminovitch, diretor de um centro de iluminação da Universidade da Califórnia-Davis.
A preocupação pode ser global. Canadá, Austrália e União Europeia já aprovaram medidas para eliminar gradualmente as lâmpadas incandescentes. As fluorescentes compactas chegaram a custar até US$ 30 cada. Agora saem por até US$ 1 -ainda é mais do que lâmpadas comuns, mas cada fluorescente deveria durar dez vezes mais e economizar até US$ 5,40 por ano em eletricidade, reduzindo as emissões de dióxido de carbono das usinas termoelétricas a carvão.
Nos EUA, o Departamento de Energia pediu em 1988 que os fabricantes criassem modelos mais baratos e ajudou a buscar grandes compradores, como universidades e empresas elétricas. Isso massificou o mercado.
Os consumidores americanos deveriam encontrar proteção na compra de lâmpadas certificadas pelo selo governamental Energy Star. Mas especialistas e alguns grupos ambientais se queixam dos padrões pouco rígidos do programa. O governo, que começará a exigir padrões mais firmes neste ano, diz que é preciso buscar um equilíbrio entre qualidade e preço.
Alan Feit, vice-presidente da Feit Electric, admitiu a dificuldade em manter um controle de qualidade elevado num produto barato e massificado. "Há 40 ou 50 componentes [nas lâmpadas]", disse. "Embora os fabricantes tentem inspecionar todos os materiais, um errinho pode causar problemas de desempenho."


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