São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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MARIA SHARAPOVA

Uma tenista que sabe planejar a carreira

Por ERIC WILSON
Quando Maria Sharapova tinha 13 anos e treinava tênis na Academia Bollettieri, em Brandenton, na Flórida, um repórter lhe fez uma pergunta: se ela tivesse a oportunidade de vencer em Wimbledon ou ganhar US$ 20 milhões em patrocínios, o que escolheria? Ela respondeu sem hesitar: "Optaria por vencer em Wimbledon, pois, após a vitória, os milhões chegariam naturalmente".
Uma pessoa não se torna a atleta mulher mais bem paga do mundo sem reconhecer que o maior potencial de lucros não está nos títulos conquistados, mas nos contratos de patrocínio.
De acordo com a revista "Forbes", Sharapova, que hoje tem 24 anos e é a sexta no ranking feminino individual do tênis mundial, ganhou US$ 24,5 milhões entre junho de 2009 e junho de 2010, cerca de US$ 4 milhões a mais que a segunda colocada nessa lista, Serena Williams.
No ano passado, ela renovou seu contrato com a Nike, num acordo ampliado para oito anos e de valor estimado em até US$ 70 milhões, o mais alto valor já pago a uma atleta do sexo feminino e que abrange os royalties de roupas que Sharapova desenha para a Nike.
Ela também cria sapatos e bolsas para a Cole Haan e empresta seu nome a grifes de luxo como Tiffany e Tag Heuer e à fabricante de eletrônicos Sony Ericsson.
Apesar dos avanços recentes em sua volta às quadras após uma cirurgia de ombro em que foi submetida em 2008 -em 2 de junho, Sharapova jogou uma das semifinais do Aberto da França e perdeu para Li Na-, ela está deitando as bases para sua vida após o tênis.
É sua competitividade fora das quadras que vem sendo fascinante de se observar nos últimos anos, nos quais Sharapova vem brigando por espaço em meio a atletas que também aspiram converter seus nomes em grifes.
"Sou altamente competitiva por natureza, desde criança -sempre queria ser a primeira em uma fila e podia até devorar um prato de macarrão em menos tempo que todo o mundo só pelo gosto da competição", ela contou.
Segundo suas próprias palavras, Sharapova já tem "dinheiro suficiente para alimentar meus bisnetos"; aliás, ela diz que pretende começar uma família com seu noivo, Sasha Vujacic, do time de basquete New Jersey Nets.
Durante a dolorosa e frustrante fase de reabilitação que se seguiu à cirurgia no ombro, ela leu um artigo que a chocou sobre os problemas financeiros enfrentados por ex-atletas profissionais.
Decidida a lançar a grife Maria muito antes de ter deixado o tênis profissional, Sharapova telefonou a seu agente, Max Eisenbud, e pediu que ele contatasse todos os seus patrocinadores. "Diga a eles que farei o que eles quiserem, o que eles precisarem."
No caso de sua colaboração com a Cole Haan, lançada em agosto de 2009, Sharapova insistiu que a firma incluísse um sapato de balé no contrato. Hoje, o artigo, ao preço de US$ 138 o par, está entre os mais vendidos da grife inteira.
Como parte do seu novo contrato com a Nike, a empresa, no ano passado, começou a produzir e a vender uma linha baseada nas roupas que Sharapova veste nas quadras.
"Será que algum dia ela poderá ter uma linha Maria Sharapova na Nike, como a de Michael Jordan?", indagou Eisenbud. "Não quero ser percebido como egomaníaco. Existe apenas um Michael Jordan.
Mas, se realizarmos um bom trabalho com a coleção Maria Sharapova, será que, dentro de dez anos, todas as meninas vestirão Maria Sharapova? É isso o que eu quero descobrir."
Parece relevante perguntar novamente a Sharapova: se ela tivesse a chance de vencer novamente em Wimbledon ou de ter uma grife da escala da Air Jordan, qual seria sua escolha?
"A resposta é que eu ganharia em Wimbledon, mais que qualquer outra coisa", disse ela. "Wimbledon não é algo que seja possível comprar. Uma grife é algo que se pode construir."


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