São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Polo de produção de violinos leva vibração a subúrbio de Pequim

Por ANDREW JACOBS

DONGGAOCUN, China - Talvez a única coisa mais auditivamente desafiadora do que uma sala de violinistas novatos arranhando "Mary Had a Little Lamb" seja uma sala de violinistas novatos arranhando instrumentos desafinados. "Parem", gritou Chen Yiming a seus entusiasmados alunos de 8 a 47 anos. "Poderíamos por favor prestar atenção aos nossos instrumentos e ter certeza de que eles estão corretamente afinados?"
Após uma breve pausa para ajustes, a cacofonia recomeçou. A febre do violino atingiu em cheio o opaco subúrbio rural chinês de Donggaocun, onde centenas de moradores empunham o arco enquanto o município tenta se posicionar como a capital chinesa do instrumento de corda.
Outrora conhecida por sua abudante colheita de pêssegos, a cidade, a cerca de uma hora de carro do centro de Pequim, tornou-se um dos mais pródigos produtores mundiais de violoncelos, violas, violinos e contrabaixos do mundo. No ano passado, as nove fábricas e 150 pequenas oficinas fabricaram 250 mil instrumentos, a maior parte dos quais foi parar nas mãos de alunos de EUA, Reino Unido e Alemanha.
Feng Yuankai, da Associação de Instrumentos Musicais da China, disse que Xiqiao, na Província de Jiangsu, ainda é o maior produtor da China, mas que Donggaocun, que inaugurou sua primeira fábrica em 1988, a está alcançando. "Mesmo com a crise econômica, sua produção está crescendo muito rapidamente", afirmou.
Em maio, as autoridades começaram a promover a criação de uma atração turística que qualificam como o primeiro "centro de experiências de instrumentos de cordas" da China, a ser inaugurado nos próximos meses. A Cidade do Instrumento incluirá um museu de violinos "mundialmente famosos", um auditório para 500 pessoas, uma fonte musical e uma -como a qualifica o vice-prefeito- "aldeia folclórica".
A maioria dos empregados da Beijing Hongsheng Yun Violin Instruments Co. já trabalhava no mesmo prédio, uma fábrica de papel que expelia uma fumaça insalubre. Mas, no seu esforço de despoluir o ar para a Olimpíada de 2008, as autoridades fecharam a fábrica e investiram dinheiro público na produção de violinos.
Embora 200 operários tenham perdido seus empregos quando a fábrica de papel fechou as portas, os 24 recontratados pela oficina de violinos ganham quase o dobro do que antes.
Entre os benefícios trabalhistas oferecidos estão instrumentos gratuitos para os filhos dos empregados. "Os violinos nos deixaram mais ricos e elevaram a nossa consciência artística", disse Zhao Gangcai, que monta violinos seis dias por semana e tem uma filha de 13 anos que recentemente começou a tocar. "As colegas dela acham legal e agora também querem aprender."


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