São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Filme retrata popular rede social

Por DAVID CARR

LOS ANGELES - "The Social Network", filme sobre as origens tumultuadas do Facebook, promete uma história que é tão sexy e clicável quanto uma atualização de status de segundos de idade. Mas o filme, escrito por Aaron Sorkin e dirigido por David Fincher, trata de arquétipos e conflitos que são tão antigos quanto a Bíblia.
Ao mesmo tempo em que destacam sua atualidade, no momento em que o crescimento espantoso do Facebook e questões problemáticas ligadas à privacidade da rede não param de fazer manchetes, os criadores de "The Social Network" preferem destacar o caráter atemporal de seu filme.
"Não estamos navegando a onda dos modismos", disse Fincher. "Há uma história irônica atrás disto que trata da amizade e da necessidade de fazer conexões. O fato de ser o Facebook deu um contexto interessante a este drama simples sobre a acrimônia."
"The Social Network", que estreia em outubro nos EUA e em outros países em datas variadas que vão até dezembro, descreve como o Facebook, então "thefacebook", criou uma hierarquia social alternativa, primeiro na Universidade Harvard em 2004 e depois no mundo.
É uma batalha entre Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin e Sean Parker, todos eles fundadores de um site que permite às pessoas entrarem em contato com velhos e novos amigos. Uma vez que o Facebook decola, tem início uma verdadeira luta pelo crédito e os lucros que passa de dormitórios universitários para depoimentos judiciais e festas impossivelmente fabulosas.
O filme é ambientado em Harvard e traz Jesse Eisenberg como Zuckerberg, o protagonista do filme, Andrew Garfield como Saverin, o amigo que Zuckerberg despreza, e o músico Justin Timberlake no papel de Sean Parker, empresário da internet, gênio e capitalista.
Usando diversos locais para fazer as vezes de Harvard, Fincher representa a universidade tanto como coliseu quanto como campus. Língua, status social e clubes de estudos são usados como armas, enquanto Zuckerberg introduz um elemento novo, a tecnologia, como nivelador final. "Acho que o fato de ter sido Harvard não foi irrelevante, de maneira alguma", disse Sorkin. "A gênese da ideia foi a exclusividade, um outsider que queria deixar de sê-lo."
Fincher disse que as revoluções genuínas muitas vezes são subestimadas. "Sei de modo muito subjetivo como é ter 21 anos e estar em uma sala cheia de adultos que estão falando de como é bonitinha sua paixão por sua visão, e o quanto isso o deixa furioso".
De acordo com o que é mostrado no filme, Zuckerberg começa com um único amigo da vida real, Saverin, e então sacrifica essa amizade para criar o maior motor de interação social da história da humanidade.
Sorkin descreveu a história como "terrivelmente irônica", observando: "São pessoas cujas vidas sociais ficaram detonadas em consequência do que tentaram fazer".
Depois de mergulhar o público em uma Harvard hierárquica e erotizada, o filme usa depoimentos em tribunal, tanto como fonte quanto como artifício, para sugerir que os participantes podem estar todos sentados à mesma mesa, mas estão longe de concordar quanto ao que está no meio dela.
Com a tecnologia que permite que as pessoas informem dezenas ou centenas de milhares de outras pessoas instantaneamente, em imagens e palavras, sobre onde estiveram e o que fizeram, a mídia social, no filme, torna-se uma espécie de organismo que se reproduz, alimentando e consumindo todos aqueles que a utilizam. Garfield disse que a maioria dos atores já é conectada, excessivamente exposta ao público.
Quando Scott Rudin, um dos produtores do filme, olha para o Facebook, o que vê não é uma revolução nem um sucesso comercial sem precedentes, mas sim uma alegoria.
"O Facebook", disse, "é algo que você pode erguer diante da luz, virar para a esquerda ou para a direita, e ela se torna uma metáfora de coisas muito grandes: a natureza da comunicação. O que é a amizade? O que é a solidão?"


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