São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

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Em breve, gasto com SMS pode superar o de ligações de voz

A tecnologia tem alterado a comunicação humana desde que o primeiro homem pegou um chifre de animal e percebeu que sua voz chegava mais longe se ele gritasse naquilo.
Hoje em dia, Twitter, Facebook e e-mail nos permitem "socializar" sem que seja preciso retirar os populares fones de ouvido.
Há um século, quando os telefones eram um meio de comunicação revolucionário, as empresas os ofereciam apenas para fins comerciais e, só mais tarde, como utensílio prático para a casa, contou o jornal "New York Times".
"As empresas de telefonia tentaram impedir isso durante cerca de 30 anos, pois era considerado um uso indevido", disse ao "Times" Claude Fischer, professor de sociologia na Universidade da Califórnia, Berkeley, e autor de um livro sobre a história do telefone.
Hoje em dia, as pessoas falam cada vez menos ao telefone, exceto talvez ao ligar para a mãe. E esqueça as mensagens de voz. "Eu não checo essas mensagens com muita frequência", alerta o recado de Fischer, pedindo que a pessoa envie um e-mail.
"Eu me lembro que, quando eu era pequeno, a regra era: 'Não ligue para ninguém depois das 22h'", relembrou o decorador Jonathan Adler, de Nova York, ao "Times". "Agora, a regra é: 'Nunca ligue para ninguém -nunca'."
Nos últimos cinco anos, relatou o "Times", os adultos têm reduzido o uso do telefone -fixo, celular, correio de voz, tudo.
Segundo a Nielsen Media, em três anos, o gasto com mensagens de texto deve superar o das ligações de voz.
Mas trocar mensagens com uma só pessoa não basta para alguns, então estão sendo criados serviços que permitem teleconferências em grupo ou salas de bate-papo via SMS, informou o "Times".
"Tente ter uma conversa no Twitter ou no Facebook entre você e 500 dos seus amigos mais íntimos", disse Steve Martocci, um dos fundadores do GroupMe, que é um desses aplicativos. "[As redes sociais] estão limitadas por sua abrangência. As pessoas não conseguem se expressar nem dizer o que querem."
O GroupMe limita a 25 o número de pessoas admitidas em uma determinada conversa, mas os usuários podem participar de quantos grupos quiserem.
Para quem está atrás das grades, uma simples conversa telefônica pode ser vital. Embora os celulares sejam ilegais em todas as prisões estaduais e federais nos EUA, eles entram aos milhares. Autoridades carcerárias dizem que os smartphones permitem que os presos se envolvam em atividades criminais, usando a internet para orquestrar ações de violência, narcotráfico e outros delitos.
Ou, simplesmente, para bater papo.
Mike, um preso na Geórgia, disse utilizar seu telefone para manter contato com o filho.
"Quando ele desce do ônibus escolar, estou no telefone e falo com ele", relatou ao "Times" em uma entrevista por seu celular contrabandeado. "Quando ele vai para a cama, estou no telefone e falo com ele."
Os presos têm maior chance de reintegração social se mantiverem relacionamentos com amigos e familiares, segundo David Fathi, diretor do Projeto Carcerário Nacional, da União Americana das Liberdades Civis.
"Isso mostra que, mesmo sendo instituições fechadas, as prisões ainda são parte da sociedade como um todo", disse Fathi ao "Times". "Elas não podem ficar para sempre separadas por um muro das mudanças tecnológicas."
TOM BRADY

Envie seus comentários para o e-mail nytweekly@nytimes.com.


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