São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009

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LENTE

Sonhos espaciais seguem vivos

A recente descoberta de um planeta semelhante à Terra -embora extremamente quente- distante de nosso sistema solar nos lembrou de que nossos sonhos espaciais continuam vivos. Enquanto os orçamentos para a exploração científica são cortados, e sem a Guerra Fria para agitar as coisas, visionários da comunidade espacial internacional continuam pensando em vida extraterrestre, sondas interestelares e missões a outros mundos.
Alguns até dispensariam a inconveniente segunda parte do desafio de John Kennedy (presidente dos EUA entre 1961 e 63), de "pousar um homem na Lua e trazê-lo de volta à Terra em segurança". Mandem astronautas a Marte, alguns dizem, mas não se preocupem em trazê-los de volta.
Lawrence M. Krauss, físico e autor de "The Physics of Star Trek" (A física da jornada nas estrelas), escreveu em um ensaio para o "New York Times" que o peso total do combustível e do revestimento necessários para proteger os astronautas da radiação solar enquanto estiverem no espaço poderá ser proibitivo ainda durante muitas décadas. Mas se os astronautas, especialmente mais velhos, estiverem dispostos a morrer em Marte, o alto custo de uma missão de volta não seria mais um problema.
Quanto a voluntários, Krauss escreveu sobre um grupo não oficial de cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato do Arizona: "Todos os membros levantaram a mão" quando perguntados se candidatariam-se a uma viagem só de ida a Marte.
A possibilidade de encontrar vida em outros sistemas solares continua incendiando a imaginação, e não apenas em Hollywood. O astrônomo e físico teórico Alan Boss disse a Claudia Dreifus, do "Times", que "a vida na Terra é tão vigorosa e tão capaz de prosperar e ocupar todos os nichos, como poderia não existir em outro lugar?"
Mas ele não pensa muito em alienígenas nos visitando. "A distância entre as estrelas é tão imensa", disse, "que existe probabilidade zero de que alguém pudesse nos invadir".
E mesmo as viagens interestelares podem estar passando do reino da ficção científica à teoria científica plausível. O astrônomo e escritor Seth Shostak afirmou, em artigo no "Times", que, com foguetes de motor atômico -proibidos desde a década de 1960-, uma espaçonave robô poderia partir da Terra no final deste século e enviar de volta imagens e dados detalhados na metade do próximo. Um foguete convencional levaria 800 séculos para alcançar uma estrela próxima.
Enquanto isso, segue a busca por planetas extrassolares. Em 16 de setembro, cientistas do Observatório Thuringer, na Alemanha, relataram a descoberta do planeta mais parecido com a Terra já visto.
Ao contrário dos 300 planetas gigantes gasosos descobertos até agora, este, chamado Corot-7b, é rochoso e apenas 1,5 vez maior que a Terra. Com sua temperatura de 1.980°C, porém, não é um bom candidato para uma viagem só de ida. Mas, se algum dia forem descobertos um melhor candidato e uma maneira mais rápida de alcançá-lo, esses voluntários espaciais suicidas talvez não sejam considerados tão excêntricos.
Como escreveu Krauss, "deem-nos um século ou dois, e poderemos transformar todo o planeta em um lugar que muita gente ficaria feliz de abandonar".


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