São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Meta para obesas: zero ganho de peso na gestação

Por RONI CARYN RABIN

Nyree Paten ganhou tão pouco peso na sua recente gestação que alguns vizinhos nem notaram que ela estava grávida.
Poucos dias antes do parto, havia engordado apenas 1 kg em relação à primeira consulta pré-natal. Paten, 35, moradora de Nova York, tinha ordens médicas para ganhar no máximo cerca de 5 kg -ela já estava cerca de 45 kg acima do peso ideal.
Cerca de 20% das grávidas nos EUA são obesas, e cada vez mais médicos as aconselham a ficarem de olho na balança para terem uma gestação e um parto tranquilos. Em maio, o Instituto de Medicina do país divulgou diretrizes reduzindo de cerca de 7 kg para 5 kg o ganho de peso recomendado para as gestantes obesas.
Agora, um grande estudo de quatro anos, chamado Healthy Moms ("mamães saudáveis"), vai além, tentando evitar que as gestantes obesas ganhem qualquer peso adicional. Se ganharem, os pesquisadores querem que se limite a 3% do seu peso-base, o que significa cerca de 2 kg numa mulher de 77 kg.
"A gravidez é o que chamamos de momento didático, quando as mulheres estão dispostas a fazer mudanças comportamentais positivas, porque isso é importante para a sua própria saúde e para a saúde dos seus bebês", disse Kathleen Rasmussen, professora de nutrição na Universidade Cornell (Ithaca, Nova York), que chefiou a comissão do instituto para a questão do ganho de peso durante a gestação.
Mulheres envolvidas no Healthy Moms terão duas consultas particulares com um nutricionista e participarão de sessões semanais de grupos de ajuda sob o comando de especialistas em gestão do peso. Elas serão estimuladas a seguir uma dieta pobre em gorduras, de cerca de 2.000 calorias por dia, que enfatiza frutas, legumes, grãos integrais, carne magra e laticínios com pouca gordura.
Embora soe drástico, muitos especialistas dizem que as mulheres precisam de só 300 a 400 calorias adicionais por dia na gravidez. Algum ganho de peso decorre de mudanças normais nos tecidos uterino e mamário, e também do peso do feto, da placenta e dos fluidos.
Mas um número significativo de obesas não engorda durante a gravidez, e ainda assim a gestação delas parece ter uma conclusão saudável.
"O clássico ensinamento durante anos foi de que se você está grávida deve ganhar peso, além do conceito de comer por dois", disse Kimberly Vesco, do Centro Kaiser Permanente para a Pesquisa da Saúde (Portland, Oregon), a ginecologista-obstetra que irá dirigir o estudo Healthy Moms. A verdade, segundo Vesco, é que "você tem de comer mais, mas não muito mais".
Os pesquisadores começam a se perguntar se a obesidade da mãe pode ser insalubre para o feto -e se isso, por sua vez, poder levar à obesidade infantil. Em outras palavras, frear o ganho de peso na gestação pode ser uma oportunidade para romper o ciclo da obesidade. Mas as implicações de uma restrição severa ao peso não são totalmente conhecidas.
Alguns dados de estudos observacionais sugerem que as obesas que limitam o ganho de peso podem ter gestações mais saudáveis e partos mais fáceis; os médicos esperam também que elas não tenham de perder peso extra depois de dar à luz.
Mas existem preocupações. A principal é de que as mulheres que não estão ganhando peso queimem gordura para obter energia, produzido compostos ácidos chamados cetonas, que podem ser nocivos ao feto.
Estudos com diabéticas e animais concluíram que bebês nascidos de mulheres com mais cetona no sangue têm QI menor que outros bebês, segundo Naomi Stotland, professora-assistente de obstetrícia da Universidade da Califórnia, San Francisco.
"O que não sabemos é: quais os efeitos sobre o desenvolvimento neurológico dos bebês, ou outros efeitos adversos, de as mulheres não ganharem peso?", disse Stotland.
"Algumas dessas mulheres podem estar perdendo massa adiposa, e a questão é: perder massa adiposa na gestação, quando você está numa categoria maior de IMC [índice de massa corporal], é seguro para o bebê?"


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