São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Estudioso retrata meia vida dedicada a observar aves

Por THOMAS LIN

Há 20 anos, Theodore Cross cruzou 16 fusos horários, de Nova York até o nordeste da Sibéria, para ver uma ave do Ártico, a gaivota-rósea. Cross achou uma, cujo ninho, no entanto, foi tomado por um mandrião parasita antes que ele pudesse voltar com seu esconderijo e sua teleobjetiva. A viagem foi um fracasso.
Duas semanas depois, o inesperado ocorreu: uma gaivota-rósea apareceu em Baltimore (costa leste dos EUA). Milhares de observadores de aves acudiram ao local para a rara visão. "Chamam-na de a ave que agitou 20 mil binóculos", disse Cross.
Seu livro "Waterbirds", de 344 páginas, é em parte enciclopédia visual, em parte memórias de quase meio século atrás das aves. Em retratos íntimos de pássaros como pequenos maçaricos-das-rochas e o fuselo, e em anedotas pessoais das suas aventuras ornitológicas, Cross, 85, descreve como passou metade da vida alheio às aves, até que se tornasse na segunda metade um dos seus mais ardorosos fotógrafos e defensores.
Agora, escreve ele, "as lembranças delas me ajudam a aceitar a brevidade do tempo que resta pela frente".
Entre suas favoritas está o colhereiro-americano, que vem se recuperando depois de ser quase extinto há um século, quando era caçado para que suas plumas rosadas enfeitassem chapéus femininos.
O fuselo voa 10,9 mil quilômetros por ano, entre o Alasca e a Nova Zelândia, sem comida, água ou descanso, naquilo que Cross considera "um dos milagres da natureza". "As aves, de certa maneira, se parecem muito com as pessoas", afirmou.
"A garça vermelha finge que está deixando seu ninho, do mesmo modo que os humanos às vezes fingem que perderam o interesse em um namorado ou uma namorada. Mas com certeza vai voltar."
O trinta-réis-branco é incrivelmente amistoso. "Se você visita uma ilha no Pacífico Sul", disse ele, "ums doze ou mais deles aparecerão para lhe cumprimentar".
Cross espera algum dia capturar a imagem perfeita, que ele descreve como "duas garças vermelhas fazendo a corte com suas fantásticas penas eriçadas e apontando para o céu".


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