São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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Indústria solar invade um deserto frágil

Uma tartaruga atrapalha projeto de energia limpa

Por TODD WOODY

NIPTON, Califórnia - Com sete grandes usinas de energia solar já aprovadas, que cobririam 108 quilômetros quadrados do deserto da Califórnia, ambientalistas e reguladores ficam cada vez mais preocupados com o impacto que a industrialização do deserto terá sobre ambientes frágeis.
"Se as questões da vida natural não estão no topo da lista de desenvolvimento, deveriam estar", disse Karen Douglas, presidente da Comissão de Energia da Califórnia, que dá as licenças para usinas de energia térmica solar, com suas instalações de espelhos, discos solares e torres. "A pegada desses projetos solares é sem precedentes e, evidentemente, poderá ter impacto sobre uma série de espécies."
Em outubro, a Comissão de Energia da Califórnia aprovou o enorme projeto da Tessera Solar em Calico, no sul da Califórnia, somente depois que a empresa concordou em cortar o projeto quase pela metade para evitar a realocação das 104 tartarugas do deserto encontradas no local este ano. E a equipe da comissão indicou que é improvável que recomende o licenciamento da usina energética Ridgecrest, da Solar Millenium, de 250 megawatts devido ao impacto para a tartaruga do deserto e para o esquilo do Mohave.
Em outubro, a tribo indígena quechan processou o governo americano por ter aprovado uma segunda usina energética da Tessera, alegando que o Projeto Solar do Vale Imperial, de 709 megawatts, prejudicaria o lagarto de chifre e cauda chata, um animal proposto para proteção de espécies ameaçadas que faz parte da história da criação da tribo.
No local da construção da usina solar de Ivanpah, de US$ 2 bilhões, biólogos procuram tartarugas em uma paisagem de arbustos de creosoto.
"Ninguém tem autorização para entrar no local sem a supervisão de um biólogo", disse Mercy Vaughn, principal bióloga da BrightSource Energy, empresa de Oakland, Califórnia, que está construindo a usina de 370 megawatts.
A BrightSource, que é apoiada pelo Google, pelo banco Morgan Stanley e por empresas de petróleo, esperou três anos para que o projeto fosse licenciado pela Comissão de Energia da Califórnia.
A companhia encolheu Ivanpah em 12%, reduzindo as tartarugas que teriam de ser deslocadas e evitando uma área de plantas raras.
A Comissão de Energia licenciou em setembro a Ivanpah sob as objeções do Sierra Club, do Centro para Diversidade Biológica e outros grupos ambientalistas.
"Se você colocar um projeto no lugar errado, mesmo que faça algumas coisas para reduzir seu impacto, ainda assim é ruim", disse Lisa Belenky, uma advogada do Centro para Diversidade Biológica.
Executivos da BrightSource alegam que projetaram Ivanpah para minimizar seus distúrbios ao deserto. "Temos alguém acompanhando todas as tartarugas continuamente para que, ao determinarmos que uma está correndo risco, alguém seja acionado", disse Vaughn.


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