São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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Um ator revela a cena artística de Nova York

Romancista, músico, colecionador -ah, comediante também

Por JULIE BOSMAN

Caminhando numa recente tarde de sol por Manhattan, Steve Martin parecia um astro de cinema mal disfarçado, com óculos escuros e um chapéu de feltro cinza-carvão cobrindo sua familiar cabeleira branca.
Mas, uma vez dentro da Gagosian Gallery, uma das mais poderosas galerias de Nova York, ele tirou o casaco, revelando um terno escuro, gravata vinho e sapatos perfeitamente engraxados, que davam a ele a aparência de um dos marchands descritos no seu novo romance.
Martin estava lá para falar do seu livro, "An Object of Beauty" (um objeto de beleza), que aproveita décadas de observação pessoal sobre o mundo da arte em Manhattan.
O ator é colecionador de longa data. Há marchands como Larry Gagosian e William Acquavella, cujas galerias fazem aparições recorrentes no romance, entre seus amigos.
Mas Martin assegura não ser autoridade no tema e, às vezes, parece mais confortável falando sobre livros de arte do que sobre obras de arte. "Não sou especialista", afirmou, na sua sinceridade cortante. "Acreditem, vocês não precisam de mim."
Aos 65 anos, ele já não faz mais "stand-up comedy", mas continua sendo um comediante que atua costumeiramente como músico e autor de livros infantis, ensaios e romances.
No ano que vem, participará de um filme sobre observação competitiva de pássaros, "The Big Year", e lançará um disco de banjo, "Rare Bird Alert".
Martin se encantou pela arte na faculdade e aprendeu o básico com um amigo artista e com um marchand dono de uma grande biblioteca. Viajando pelos EUA com seus shows, parava em museus, geralmente em cidades universitárias, e comprava livros. "Tenho a teoria de que algumas pessoas nascem para isso, outras adquirem", disse ele. "E eu adquiri."
Ele começou o romance há dois anos, usando como referência livros da sua própria coleção. Examinou particularmente os catálogos da Sotheby's e da Christie's, além de pelo menos três livros sobre Maxfield Parrish, pintor americano do século 20, destacado no romance.
Nomes reais são salpicados pelo livro, em parte para evitar que os leitores fiquem pensando qual personagem fictício corresponde a qual pessoa.
Parte da razão para escrever sobre arte, disse Martin, foi o desafio de capturar um mundo que ainda lhe é um pouco estrangeiro. Isso vem de um homem que já foi dono de uma pintura de Edward Hopper, "Hotel Window," vendida na Sotheby's em 2006 por US$ 26,8 milhões.
"O pano de fundo do livro é o mundo da arte", disse. "E a razão pela qual escolhi o mundo da arte é que eu sabia o suficiente a respeito, mas não sei tudo a respeito. E eu gosto disso. Eu poderia ter escolhido como pano de fundo o 'show business', mas sinto que sei demais a respeito."


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