São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Domínio do Google motiva queixas


Empresa diz que links para seus sites beneficiam usuário

O Google diz que sua missão é dar ao usuário a informação que ele procura, mesmo que isso signifique priorizar o seu próprio conteúdo e "desenfatizar" sites que a empresa considere oferecer experiências ruins.
"Dizer a um mecanismo de buscas que ele não pode inovar e mostrar resultados de um jeito que beneficie os usuários afetaria os próprios objetivos das nossas leis de concorrência", disse Matthew Bye, advogado do Google.
Nos últimos anos, o Google se tornou a forma canônica de fazer buscas na web, um portal de informação que dita que tipo de conhecimento é visível ao público navegante. Esse crescente poder de mercado gerou lucros estratosféricos, mas também uma atenção indesejada das agências reguladoras.
Quase uma década depois de o Google adotar como credo o lema "Não seja mal", o governo dos EUA está examinando as aquisições e ações do Google como nunca antes, buscando indicativos de que o domínio da empresa seja nocivo à concorrência nos campos das buscas da internet e da publicidade on-line. O Google tem conseguido se safar na maioria das revisões regulatórias. Em 21 de maio, a Comissão Federal de Comércio aprovou a aquisição pelo Google, por US$ 750 milhões, do AdMob, uma "start-up" de publicidade para celulares.
Os funcionários da comissão inicialmente pretendiam se opor à compra, porque "despertava sérias questões antitruste". Mas a agência acabou aprovando a transação, pressupondo que a entrada da Apple no mercado facilitaria a concorrência.
Mesmo assim, o gigante das buscas deve receber, em meados deste ano, uma indicação de até que ponto Washington pode ficar desconfortável com companhias tão dominantes. O juiz federal Denny Chin deve se pronunciar nos próximos meses sobre o acordo com autores e editores de livros incluídos em bibliotecas digitalizadas pelo Google. O Departamento de Justiça foi contra o acordo.
Ao mesmo tempo, os próprios tropeços do Google geraram uma nova onda de escrutínio.
Neste mês, a empresa admitiu que seus carros equipados com câmeras, que fotografam bairros do mundo para as imagens do Street View, dentro do Google Maps, recolheram inadvertidamente fragmentos de comunicações de pessoas usando redes sem fio desprotegidas. A Comissão Federal de Comércio e reguladores na Europa dizem estar examinando a questão.
Juntos, esses inquéritos são um teste para a disposição do governo dos EUA em contestar uma empresa amplamente admirada.
Executivos do Google reconhecem o escrutínio. "Estamos ficando maiores e temos sido muito perturbadores dentro de alguns setores", disse Alan Davidson, diretor de políticas públicas do Google nos EUA. "Sabemos que temos um alvo gigante nas nossas costas."
Os executivos da empresa contestam a premissa de que o Google é um monopólio, embora a participação da companhia no mercado cresça inexoravelmente. Eles argumentam que o Google ainda é pequeno no mercado publicitário geral, que totaliza US$ 800 bilhões por ano.
O Google também diz que oferecer resultados de modo claramente acessível é algo bom para o consumidor, sem a intenção de prejudicar rivais. Mas, acima e no meio dos resultados das buscas, cada vez mais surgem links para serviços do Google, como mapas, os vídeos do YouTube e listagens de produtos e empresas. Concorrentes dizem que isso ocorre em benefício do próprio site de buscas.
Os notórios erros do Google doem porque passam a impressão de que o comportamento da empresa está cada vez mais inconsistente com o mantra "Não seja mal".
Um dos fundadores do Google, Sergey Brin, admitiu os erros recentemente na conferência anual da empresa para desenvolvedores, em San Francisco. "Pisamos na bola, e não estou querendo justificar", afirmou Brin. "A confiança é muito importante para nós, e vamos fazer tudo o que pudermos para preservá-la."


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