São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Presidente do México quer endurecer guerra às drogas

Reportagem de Randal C. Archibold, Damien Cave e Elisabeth Malkin.

CIDADE DO MÉXICO - No final de sua presidência no México, Felipe Calderón luta para reforçar a abordagem militarizada aos cartéis da droga que definiu seu mandato, pondo de lado dúvidas públicas e pressionando os legisladores para que adotem suas estratégias.
Recentemente, ele intensificou pedidos para que o Congresso mexicano aprove iniciativas proteladas para reformular as forças policiais estaduais e locais, codificar o papel dos militares no combate ao crime e ampliar seus poderes e também endurecer o Código Penal federal e as leis contra a lavagem de dinheiro.
Com a violência crescendo e os possíveis candidatos disputando posição nas pesquisas para a eleição presidencial do México, em julho próximo, Calderón tem um tempo limitado para defender a tese de que sua estratégia funcionou.
Ele insiste que o país se tornará mais seguro, apesar de cerca de 40 mil pessoas terem sido mortas desde que ele declarou a guerra ao crime organizado, pouco depois de assumir o cargo em 2006. Calderón não poderia dizer que sua abordagem tornou o país mais seguro. "O que posso dizer é que o México será mais seguro, e se eu não agisse teria se deteriorado muito mais", afirmou.
Mas enquanto seu partido, o PAN (Partido da Ação Nacional), de centro-direita, enfrenta a perspectiva de perder a presidência, surge a questão de se a abordagem de Calderón continuará depois de seu mandato de seis anos. A legislação impede que ele se candidate novamente.
As matanças no México atingiram tal ponto, segundo analistas, que não importa quem vença a eleição haverá pressão por um novo esquema que de alguma forma reduza a violência sem ceder aos cartéis.
Até seus admiradores no Congresso dos Estados Unidos começaram a questionar se a estratégia de Calderón -apoiada com US$ 1,4 bilhão em ajuda contra o crime fornecida pelos EUA- está fazendo progresso.
"Eu o admiro por enfrentá-los, o que é uma coisa muito perigosa", disse Michael McCaul, deputado republicano do Texas, da Comissão de Segurança Interna da Câmara. "Mas ele teve 100% de sucesso? De modo algum. Parece que a coisa continua piorando."
O governo Obama, enquanto constantemente elogia Calderón por enfrentar os cartéis, também continua preocupado com a violência, a disseminação das gangues de drogas mexicanas pela América Central e o ritmo lento da repressão policial e das instituições judiciais. Calderón conquistou elogios por assumir a luta e conduzir a economia mexicana através da crise financeira global.
"O México tem uma das melhores administrações econômicas do mundo", disse Susan Segal, presidente da ONG Sociedade das Americas, em Nova York, "e esta foi a primeira vez que o México enfrentou muita gente realmente ruim."
Mas a aprovação de Calderón entre os eleitores caiu a um ponto mais baixo que o de qualquer presidente mexicano recente nessa altura do mandato de seis anos. "Ele não foi capaz, talvez porque tenha sido muito difícil ou impossível, de explicar para os mexicanos por que o combate aos cartéis vale a pena", disse Luis de la Calle, subsecretário de Comércio Internacional do México de 1999 a 2002.
Calderón enfatizou o que ele considera suas vitórias, como a criação de empregos, a expansão do atendimento de saúde, a prisão ou a morte de mais de duas dúzias de líderes de cartéis e os esforços acentuados para construir instituições policiais e judiciárias confiáveis.
O presidente disse que teria reforçado as polícias estaduais e locais, que são emperradas pela incompetência e pela corrupção. "Nós teríamos feito isso de maneira mais agressiva, muito mais determinada, desde o início", disse.
Mas Calderón não pediu desculpas. "Eu não escuto o que eles dizem nas pesquisas", disse.
"O México precisa ser limpo, e cabe a mim fazer isso", afirmou.

"O que posso dizer é que o México será mais seguro, e se eu não agisse teria se deteriorado muito mais."
Felipe Calderón


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