São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cronômetro: o novo item da escalada

Por SEAN FARRELL

MONTE RAINIER, Washington - Das grandes paredes de Yosemite aos picos dos Alpes, os montanhistas estão definindo recordes de velocidade enquanto as técnicas se desenvolvem e os equipamentos se tornam mais leves -ou são descartados em favor de uma abordagem minimalista que deixa pouca margem para erros.
Muitos atletas velozes dizem que estão fazendo o que os montanhistas sempre fizeram -lutar para alcançar o pico um pouco mais rápido ou com estilo mais puro. Mas, enquanto o cronômetro se torna tão importante quanto o mosquetão, outros dizem que concentrar-se na velocidade vai contra o espírito do montanhismo.
"Não acho que estabelecer recordes e usar as rotas como pistas de velocidade seja importante para as escaladas", disse Steve House, um alpinista americano conhecido por seu estilo rápido e leve de carregar o mínimo essencial em escaladas difíceis. "Acho que é importante para o ego das pessoas, e também para os patrocinadores."
Chad Kellogg, 40, um construtor de Seattle, rejeita essas ideias. Em um final de tarde de verão, Kellogg, de shorts de corrida e tênis, galgava os campos nevados íngremes do monte Rainier no Estado de Washington. Ele faz parte do grupo de elite de montanhistas que não apenas estão criando novas rotas e fazendo as primeiras escaladas, como também acelerando as rotas conhecidas em tempos surpreendentes.
O número de escaladores capazes desses tempos recordes nos planos verticais da Terra é muito pequeno, segundo Steve Swenson, presidente do Clube Alpino Americano, uma organização nacional de montanhistas.
"Cinquenta anos atrás, a aventura nas montanhas tinha mais a ver com ir a lugares onde ninguém havia estado", disse. "A maior parte desses lugares foi totalmente explorada. Talvez a aventura seja redefinida."
Ueli Steck, um montanhista suíço, tornou-se uma sensação na internet por causa de sua escalada recorde na face de 3.970 metros do Eiger, um clássico desafio dos Alpes conquistado em 1938. Em 1950 a rota foi escalada em 18 horas. Steck reduziu o tempo para 2 horas e 47 minutos.
Mas mesmo Steck disse que a ênfase demasiada para a velocidade pode ser prejudicial. "Ela vai muito depressa na direção errada", afirmou, "e os joven podem fazê-lo para conseguir fama e patrocínio. É perigoso para o esporte."
Kellogg quebrou duas vezes o recorde de corridas do estacionamento do monte Rainier até seu cume e de volta. Para a maioria dos montanhistas, a viagem é medida em dias, e não horas.
Kellogg foi o primeiro a quebrar a marca de 5 horas em 2004. Hoje ele diz que não está interessado no recorde do Rainier, que foi reduzido para quatro horas e 40 minutos.
Mas muitas vezes ele volta às suas encostas, que oferecem quase 2.750 metros verticais de treino para sua próxima meta, uma escalada em alta velocidade do monte Everest sem oxigênio suplementar.


Texto Anterior: Para veteranos cadeirantes, uma chance de voar
Próximo Texto: Terapia a um clique de distância

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.