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Diplomata, não militar
O ombudsman é alguém à procura de soluções
mutuamente satisfatórias para as partes em
desacordo; é agente da conciliação, não do litígio
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ENCERROU-SE ontem em
Estocolmo a conferência
anual da ONO (Organization of News Ombudsmans),
que congrega as cerca de cem
pessoas que exercem o cargo
em veículos de comunicação
no mundo.
A capital da Suécia é o local
mais apropriado para essa reunião, já que foi naquele país
que a palavra nasceu e a função foi criada, em 1713, como
explicou Par-Arne Jigenius,
ombudsman do diário sueco
"Dagens Nyheter".
Charles 12 era rei da Suécia,
uma das maiores potências da
época, com um território que
incluía as atuais Letônia, Finlândia, Estônia, parte da costa alemã do Báltico e parte da
Rússia. Ele ficou famoso pelas
guerras que conduziu contra a
Dinamarca e a Rússia, inicialmente com sucesso, mas encerradas com um revés tão caro ao país, que ele jamais voltou a ter a importância geopolítica que tinha na época.
Quando estava exilado na
Turquia, influenciado por experiências similares que ali
observara, Charles 12 criou o
Gabinete do Supremo Ombudsman. A palavra vinha do
sueco umbuds man, que significa representante.
Desde o início, apesar da imponência do título, o ombudsman só tinha poder para receber reclamações do público, investigá-las e enviá-las aos
departamentos do governo capazes de resolver soberanamente cada assunto.
Charles 12 era um grande
guerreiro. Mas quando resolveu estabelecer o ombudsman
pensou como político sobre
como conciliar de forma pacífica conflitos de interesses entre os cidadãos e o Estado.
Com o passar dos anos, o
cargo inspirou tentativas similares em governos, empresas e,
finalmente, a partir de 1967
(no "Courier-Journal" e no
"The Louisville Times", em
Louisville, Kentucky) em jornais e depois em outros veículos de comunicação.
O ombudsman é alguém que
procura soluções mutuamente satisfatórias para partes em
desacordo. É um agente da
conciliação, não do litígio; promove a harmonia, não o dissenso. Seu modelo é o diplomata, não o militar.
Às vezes, em sociedades que
se encontram em momentos
de grande excitação ideológica, alguns podem idealizar o
ombudsman como o encarregado de atacar, punir ainda
que só pela humilhação pública quem consideram inimigos.
Não é isso que ele deve fazer.
Não foi para isso que a instituição foi concebida. Nem na esfera do Estado nem na esfera
da mídia.
A troca de idéias em Estocolmo entre profissionais de
países tão diversos como Brasil, Turquia, EUA, Colômbia,
Reino Unido, Estônia, Geórgia, Itália, África do Sul, Suíça,
Austrália e Suécia, mostrou
que, apesar de diferenças culturais, econômicas, políticas e
sociais, a missão do ombudsman de mídia é clara.
Ela tem basicamente três dimensões, todas fundamentais.
Uma é mediar os desentendimentos eventuais entre consumidor e produtor de informação. A segunda, estimular o aperfeiçoamento técnico do
veículo em que trabalha. A terceira, ajudar a expandir a
consciência pública sobre o
papel dos meios de comunicação na sociedade e refinar a relação entre eles e ela.
Noutra feliz coincidência do
encontro da ONO de 2008, a
presidência da entidade é ocupada por uma jornalista de
Kentucky, o Estado do sul dos
EUA onde o primeiro ombudsman de imprensa trabalhou.
Ela é Pam Platt, do "Courier-Journal". Em seu bem-humorado discurso de abertura da conferência, comparou o que fazem os ombudsmans
com recente aventura sua de
navegar sozinha num caiaque
na Flórida em rio cheio de jacarés. Para se sair bem nas
duas situações ela recomenda
duas prioridades: nunca parar
de remar e conhecer bem o caminho. Um bom conselho.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
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