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Doações a partidos
Em minha opinião e na dos
14 leitores que se manifestaram sobre o assunto ao ombudsman a reportagem que a
Folha publicou na segunda
sobre doações a partidos colecionou equívocos.
Ela mostra, com tom de denúncia, que grandes empresas
que fizeram doações ao PT em
2007 receberam por serviços
prestados ao governo federal
no segundo mandato do presidente Lula quantia 54 vezes
maior do que a doada.
As doações foram legais e
são públicas. O jornal, ao questioná-las, pode passar a impressão de não aprovar esse tipo de operação prevista na legislação. Não preferirá, de certo, que se faça uso de caixa dois
e de clandestinidade.
Por serem grandes empresas, é natural que elas viessem
a receber grandes contratos
do governo federal. Se as licitações e concorrências que
venceram também não apresentam irregularidades, não
há razão para espanto.
Em todos os países em que
doações a partidos políticos
são permitidas pela lei, é comum que grandes corporações as façam a todas as agremiações políticas em condições de chegar ao poder. No
Brasil, não é exceção.
Tanto é assim, que em retranca separada e menor, não
mencionada na capa, o jornal
registrou que ao menos algumas das mesmas empresas
também doaram ao PSDB e
receberam por serviços prestados aos governos de São
Paulo e Minas Gerais.
O mais estranho é que quem
se dispôs a fazer as contas descobriu que a relação entre o
doado e o recebido no caso do
PSDB é muito maior do que no
caso do PT. Mas o destaque
tanto na primeira página
quanto nas internas foi para as
doações ao PT.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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