São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

Texto Anterior | Índice

A Folha cobriu mal

A Folha foi mal no principal assunto da semana, o furo da "IstoÉ" que acabou derrubando o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Augusto Candiota.
A revista começou a circular na sexta-feira, dia 23, com a informação de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e Candiota "esconderam da Receita bens no exterior". Segundo a revista, os dois são investigados por suspeita de sonegação, omissão fiscal e evasão de divisas.
Na mesma sexta, à noite, Meirelles e Candiota soltaram notas explicativas. No final de semana, diante da repercussão, Meirelles convidou Rodrigo Azevedo para o lugar de Candiota, mas não tornou pública a decisão.
A reportagem da "IstoÉ" tivera, portanto, um efeito imediato dentro do governo.
A Folha ignorou o assunto até terça-feira, quando publicou uma pequena nota, sem destaque e sem novidades: "Suspeito de sonegação, Meirelles é investigado".
Apenas na quinta-feira, quando na véspera se consumara a saída de Candiota, a Folha entrou no caso para valer. Mas aí já tinha sido atropelada pelos fatos. O jornal trouxe uma informação relevante, a de que Rodrigo Azevedo, convidado por Meirelles no domingo, assinou, ainda como economista-chefe do banco CSFB Garantia, o boletim do banco que circulou na segunda-feira que antecipava a saída de Candiota, o que significava o uso de uma informação privilegiada. O banco explicou depois que o boletim fôra redigido antes do convite.
Essas coberturas parecem ter uma lei: quem corre atrasado dificilmente consegue virar o jogo. Anteontem, quando os jornais ainda repercutiam a saída de Candiota, a "IstoÉ" estava nas bancas com novas informações exclusivas e apostava na queda do presidente do BC: "Henrique Meirelles, até o fechamento desta edição presidente do Banco Central do Brasil - O que ele não explica". A outra chamada era igualmente forte: "Incrível! Cássio Casseb, presidente do Banco do Brasil, assim como Candiota, mandou dinheiro para fora e não declarou".
Os jornais tiveram, mais uma vez, de correr atrás.



Texto Anterior: Princípios de transparência
Índice


Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.