São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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O abandono de bebês e o direito de calar

Como boa parte do jornalismo nacional, a Folha veicula informações sobre o abandono de bebês. Desconfio de que o noticiário estimule outras mães a se desfazer dos filhos -ou a matá-los. No domingo à tarde, uma recém-nascida foi encontrada viva em um ribeirão de Contagem (MG). No hospital, "batizaram-na" como Michele.
A exploração da tragédia, especialmente na mídia eletrônica, teve o epílogo com a morte do neném na noite da quinta-feira.
Na terça, uma menina com pouco mais de 1 kg foi encontrada viva em um saco em Taboão da Serra (SP).
Anteontem, moradores de Queimados (RJ) descobriram em um rio outro bebê (porém morto).
Esses episódios deveriam ser exceção à regra jornalística de publicar o que se sabe. Entre os valores em conflito (direito de acesso à informação e direito à vida), o segundo merece prevalecer.
A Secretaria de Redação da Folha não considera que "noticiar o abandono de bebês possa estimular essa prática. Pelo contrário, a opinião pública sempre se revolta em casos como esse [de Minas]".
Só que não é a opinião pública que abandona bebês, e sim mães que se influenciam pelas notícias que chegam a elas.


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