São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007 |
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Seu Barriga assombra o jornalismo
Volta e meia os oponentes do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fustigam-no aqui no Brasil com imagens do antigo seriado de humor mexicano "Chaves". Um dos personagens do programa, Seu Barriga, costumava ser alvejado com boladas pelo menino Chaves. Na segunda-feira, o espectro do Seu Barriga alvejou o jornalismo na cobertura do referendo venezuelano sobre a reforma constitucional. Aprovada, ela permitiria a reeleição ilimitada de Chávez. O diário "O Estado de S. Paulo" amanheceu com o anúncio do triunfo do "sim" chavista: "Referendo aumenta poderes de Chávez". Como se soube de madrugada, o "não" se impôs. Uma "barriga" antológica. Como define o "Manual", "barriga" é a "publicação de grave erro de informação". Em contraste, inspirada pela virtude da cautela, a Folha pisou no freio. Título na primeira página da edição concluída às 21h22: "Boca-de-urna dá vitória a Chávez em referendo". Na mais tardia, à 1h34, leu-se a manchete prudente: "Referendo na Venezuela tem disputa acirrada". E abaixo: "Pesquisas de boca-de-urna indicam vitória de Chávez, mas governo evita comemorar antes do resultado final". Na terça, descobriu-se que a Folha também cometeu a sua barriga, bem como muito do jornalismo nacional e estrangeiro: a pesquisa de boca-de-urna do instituto Datanálisis não existia -era cascata de fontes governamentais. O jornal se baseou na agência noticiosa Efe, que errou. Tivesse mais cautela, a Folha só informaria sobre o levantamento após checar. Em um pleito polarizado, com batalhas da informação determinantes para o desfecho da guerra, o ceticismo, essa outra virtude jornalística, nunca é demais. Texto Anterior: Neutro? Só pH Próximo Texto: Padre Júlio, megafone e cochichos Índice Mário Magalhães é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2007. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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