São Paulo, domingo, 10 de novembro de 2002

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Crime no Brooklin

A morte do casal Richthofen, em sua casa no Brooklin, bairro nobre paulistano, dia 31 passado, expressou que, apesar de experiências anteriores discutidas fartamente em redações e escolas de jornalismo, a imprensa continua com dificuldade para lidar com a cobertura de crimes complexos e inusitados.
Conforme observei na crítica interna segunda-feira, o noticiário da Folha sobre o caso centrava-se excessivamente, inclusive nos títulos das reportagens, numa das hipóteses para a autoria do assassinato: a de uma ex-empregada doméstica que estaria fazendo ameaças ao casal, a fim de recuperar seu posto.
Enquanto isso, outros jornais expunham em excesso o filho, a filha e seu namorado, apostando nessa "saída" para o caso.
"Qualquer que venha a ser o resultado da investigação, creio que o procedimento jornalístico mais adequado, em casos como esse, é não "fechar" em torno de uma única hipótese", dizia a crítica.
O assassinato ainda vai a julgamento e modificações podem, em tese, ocorrer.
De todo modo, a solução apresentada pela investigação -isenção do filho caçula e envolvimento da filha, seu namorado e do irmão deste-, se por um lado mostra que a Folha de início privilegiou uma linha errada enquanto concorrentes ficaram mais perto do alvo, por outro aponta para um só diagnóstico: quando o assunto é crime, na corrida pelo furo a mídia ainda dança na mão da polícia.



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