São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2001

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Cachorro morto

Como se previa, Jader Barbalho (PMDB-PA) virou a "bola da vez", pelo menos desde junho. Até aí, tudo bem. É democracia.
Soa insatisfatório, porém, o tratamento recente dado ao senador no noticiário.
Ao menos na Folha -que busca tanto ser implacável na apuração e veiculação de acusações quanto prezar o equilíbrio, as versões envolvidas na notícia- Jader foi tratado nos últimos dias como típico cachorro morto.
O jornal publicou longa entrevista em 25 de julho, na qual o senador pôde se estender.
No entanto, de lá para cá, quanto mais se estreitava o cerco contra ele, mais se esfacelava o princípio do "outro lado".
Na última segunda-feira, a reportagem "Dossiê Banpará chega ao conselho de Ética" não trazia uma linha da defesa de Jader. O mesmo se deu em "STF decide quebrar sigilos bancário e fiscal de Jader" e "Brindeiro pede ao STF quebra no caso Banpará", na terça.
Depois o lapso se acentuou. O texto "Supremo devolve quebra de sigilo de Jader a Brindeiro" e o quadro "As investigações contra Jader", de quinta, ignoram as alegações do senador.
O erro se repete na sexta, em "Conta de Jader recebeu R$ 479 mil, diz nota", ou na arte sobre suas movimentações bancárias.
Fernando Barros e Silva, editor de Brasil, afirma que o senador "tem se esquivado da imprensa". Admite, porém, que "seria melhor pecar por redundância, e não por omissão, dando visibilidade tanto ao esforço malsucedido do jornal em ouvi-lo como a seus argumentos publicados anteriormente".
Com efeito, é provável que Jader esteja fadado à renúncia ou à cassação. Mas não cabe ao jornal decretar de antemão, contra prescrições de seu "Manual da Redação", o enterro político do peemedebista.



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