São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

Próximo Texto | Índice

A batalha da praça da Sé


Os leitores não souberam quem deflagrou o conflito no show dos Racionais -se os baderneiros do quebra-quebra ou a PM tantas vezes inepta

A CIDADE de São Paulo viveu no fim de semana passado um evento que reuniu 3,5 milhões de pessoas, divididas por 350 atividades em 80 lugares. São números da prefeitura, a promotora da Virada Cultural.
No oceano de apresentações que duraram 24 horas, o destaque da Folha foi o maremoto ocorrido na praça da Sé na madrugada de domingo, quando o grupo de rap Racionais MC's se exibia para uma platéia de 35 mil.
Confronto da Polícia Militar com fãs da banda pôs fim ao show, deixou dez feridos e provocou destruição.
Até a sexta o jornal não esclarecera o motivo do tumulto. Na segunda, a Ilustrada contou: "A confusão começou [quando] um grupo subiu numa banca de jornal e outros espectadores invadiram a sacada de um apartamento. A polícia tentou retirar as pessoas e passou a ser atacada pelo público com latas, garrafas e outros objetos".
Em seu blog, o jornalista Xico Sá, colunista da Folha, escreveu que estava "colado" à banca: "[Os PMs] não foram atacados. [...] Somente depois de vários tiros para cima, bombas de gás lacrimogêneo, chuva de gás pimenta e um massacre de cassetete no lombo da platéia, uma garrafa PET foi atirada em direção aos homens de farda".
A Folha não publicou o testemunho do colunista. Um leitor disse ao ombudsman que, na verdade, fazia horas que jovens estavam sobre a banca.
O jornal registrou declaração de oficial da PM, segundo o qual "os integrantes dos Racionais incitaram o público contra os policiais". E reproduziu afirmação do vocalista Mano Brown: "Vamos continuar, essa festa é nossa, vamos ignorar a polícia".
O relato não dá conta dos incontáveis apelos por tranqüilidade feitos pelo artista, como se assiste em numerosos vídeos na internet. Os leitores da Folha não souberam quem deflagrou o conflito -se os mesmos baderneiros do quebra-quebra ou a PM tantas vezes inepta.
Outro problema da cobertura foi ofuscar a dimensão da Virada, embora lhe concedesse espaço. O título da capa da Ilustrada traduz a prioridade: "Confusão e festa". Melhor seria "Festa e confusão".


Próximo Texto: Lula e Alckmin, dois pesos
Índice


Mário Magalhães é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2007. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Mário Magalhães/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.