|
Texto Anterior | Índice
Dois pesos
A campanha eleitoral segue
pobre, tanto sob o ponto de
vista político como jornalístico. A melhor contribuição até
agora foi a série de entrevistas
feita pelo "Jornal Nacional" ao
longo da semana com os principais candidatos à Presidência da República.
O desempenho claudicante
de todos os candidatos mostrou que os jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes estavam mais bem preparados do que os presidenciáveis.
A Folha foi mal nesta cobertura. A diferença de tratamento dado aos candidatos ficou evidenciada nos títulos e
nos espaços que reservou para
o noticiário de cada entrevista. O jornal começou com uma
cobertura pífia e benevolente
na Edição São Paulo de terça-feira e terminou com uma cobertura extensa e bastante crítica na sexta. Na terça, o candidato beneficiado pela falta
de vigor do jornal foi Geraldo
Alckmin, do PSDB; na sexta, o
candidato submetido ao rigor
do jornalismo foi Lula.
Vou reproduzir os títulos da
Folha e de "O Globo" para os
relatos das entrevistas de
Alckmin e Lula para mostrar
duas coisas: como o jornal deu
um tratamento diferente para
cada candidato, o que resulta
na falta de equilíbrio; e como o
jornal do Rio acabou sendo
mais crítico do que a Folha na
avaliação dos candidatos.
Terça-feira: "No "JN", Alckmin defende política de segurança e promete baixar IR" (Folha) e "Alckmin erra nos
números da educação" ("O
Globo"). Duas observações em
relação ao título da Folha:
Alckmin não prometeu baixar
o Imposto de Renda no "JN",
mas em outro jornal; e o jornal
destacou a promessa sem os
necessários questionamentos.
Quarta-feira: "Lula ensaia
temas polêmicos para entrevista na TV Globo", "Após
confusão no "Jornal Nacional",
tucano "cola" números sobre a
educação" (todos na Folha) e
"Alckmin insiste no erro sobre
Saeb" ("O Globo"). Na Folha,
portanto, o erro de Alckmin
virou "confusão".
Sexta-feira: ""Eu afastei Dirceu e Palocci", diz Lula, sob
pressão no "JN'" e "Em gafe,
petista diz que, no país, só o
salário cai" (Folha) e "Nervoso, Lula erra em entrevista"
("O Globo").
O erro, evidentemente, não
está na edição de sexta-feira,
que mostrou que a Folha sabe
fazer jornalismo político crítico quando quer. O problema
esteve nos outros dias.
A maior parte das reclamações que recebo é de que o jornal trata melhor os candidatos
do PSDB do que os do PT. A
cobertura das entrevistas ao
"JN" dá razão às queixas.
Texto Anterior: Como funciona o "Guia" Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|