São Paulo, domingo, 15 de julho de 2001

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É pouco

Por falar em Painel do Leitor...
Em consequência de uma carta do delegado Valdemar Guadanhim, de Assis (SP), publicada no sábado (7), a seção "Erramos" trazia no mesmo dia uma nota admitindo que o jornal editou "indevidamente supostos casos de tortura como se fossem casos consumados".
O equívoco se deu na reportagem "Descaso com a lei estimula tortura" (de 11 de abril), baseada em relatório da ONU sobre direitos humanos no Brasil.
Ao apreciar um caso específico de tortura que teria ocorrido em delegacia de Assis, a nota acrescenta ter o jornal deixado de informar, ainda, que ele fora arquivado, em três diferentes apurações, por falta de provas.
Seria exagero comparar esse episódio ao já infelizmente célebre caso da Escola Base, de 1994, em que seis pessoas tiveram sua reputação injustamente assassinada pela imprensa a partir de acusações de abuso sexual de crianças que se provaram insustentáveis.
Mas o teor em pauta é o mesmo. Alguém foi dado como responsável pela execução de tortura, sem comprovação.
É pouco constatar o engano apenas num "Erramos". Tal como fez, por exemplo, no dia 7 de junho, no texto "Folha erra ao retificar notícia sobre a quebra de sigilo de empresários", caberia, aqui, ao menos, uma reportagem sobre o equívoco cometido.
Parece que a imprensa, com o olhar enevoado por sua capacidade fundamental de denunciar mazelas reais, finge às vezes não ter consciência do seu poder, igualmente assustador, de destruição.


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