São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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Pequena onda

Parece estar em formação uma pequena onda de criação de ombudsmans em veículos de comunicação da América Latina.
Essa foi, entre outras, a impressão deixada pelo "Seminário Internacional El Defensor del Lector (ombudsman)", de que participei entre os dias 5 e 7 passados, em Guadalajara, México.
O evento foi organizado pela Fundación para un Nuevo Periodismo (FNPI). Nele estiveram 36 pessoas -sendo nove ombudsmans ou defensores (nome preferido pela maioria), estudiosos de comunicação, ex-ombudsmans, integrantes de organizações de "vigilância" da mídia, diretores e donos de jornais.
No total, dez países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México, Nicarágua, Panamá, Peru e Venezuela.
A maioria dos ombudsmans, ali, tiveram seus cargos criados nos últimos três ou quatro anos.
É o caso do "La Prensa", do Panamá, do "Milenio", da Cidade do México, e do "Publico", de Guadalajara.
Jornais do Peru ("El Comercio"), Bolívia ("El Deber") e Argentina ("Clarín") enviaram representantes com a intenção de trocar experiências, para criar o cargo também.
No caso da Colômbia, a legislação que permitiu o surgimento de canais privados de TV inclui um dispositivo que os obriga a criar o cargo de Defensor do Telespectador. Do encontro participaram três defensoras (TV Caracol, RCN e Teleantioquia).
Como síntese do "espírito" que marcou o seminário e que parece impulsionar essa pequena onda, cito trecho da exposição de Javier Darío Restrepo, 70, ex-ombudsman do diário "El Tiempo" e atual do "El Colombiano":
"Fortaleceu-se nos últimos anos a consciência de que o receptor da informação é o elo mais frágil da cadeia informativa e de que isso não deve ser assim. Por isso, surgem em diferentes países projetos de lei para garantir o exercício do direito à informação."
"Com ou sem essas leis, o Defensor garante esse direito, potencializa a voz do leitor que se sente burlado ou que denuncia, por outro lado, os abusos do direito (da mídia) de informar, quando este invade a intimidade ou fragiliza outros direitos".
"Como acontece com a consciência, quase silenciosamente, o Defensor faz lembrar, nos meios de comunicação, que o direito (da mídia) de informar, tão evocado durante o século 20, é um direito incompleto e fonte de abusos se não for complementado e reforçado pelo direito (da sociedade) à informação".
 
Na última coluna, do dia 1/12, cometi dois erros factuais.
Ao contrário do que afirmei no texto "Estímulo ao preconceito", sobre uma reportagem da Folhinha, o leitor cuja mensagem ali citava não é pai ("leitor-pai", como escrevi). Ele também esclarece que é um jovem de 17 anos.
Meu erro foi transformar uma suposição em fato, sem a devida conferência.
Em "Os nós da Varig", citei coluna de Janio de Freitas afirmando que ela fora publicada na quarta-feira 27/11.
Como alertou o próprio jornalista em coluna posterior (dia 3/ 12) -na qual aborda meus comentários-, aquele seu texto saíra na quinta, 28/11.


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