São Paulo, domingo, 17 de junho de 2001

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Amostragem

O noticiário do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do pedido de habeas corpus do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, na quarta-feira, propiciou interessante amostragem de diferentes posicionamentos jornalísticos.
Dentre os chamados quatro grandes jornais do país, "O Globo" foi o que fez o pior papel.
Na terça (12), trouxe o seguinte título: "Nicolau deve ser solto amanhã pelo Supremo". O texto ia todo nesse tom.
A Folha não entrou nesse barco, mas é como se torcesse para que ele estivesse certo. "Nicolau dos Santos Neto pode ter prisão preventiva revogada hoje", foi o título sobre o assunto.
O verbo "poder" é sempre ruim para título, pois, como se diz em jargão jornalísitico, "tudo pode".
Mas o fato é que o jornal optou por escrever que o juiz aposentado podia ser solto em vez de adotar tom neutro.
Tom este, diga-se, empregado, corretamente, pelo "O Estado de S.Paulo": "STF julga hoje pedido de habeas corpus de Nicolau".
Mas quem nesse dia acertou mesmo, como fruto de apuração jornalística, foi o "Jornal do Brasil", cujo título, na reportagem sobre o caso, dizia: "Habeas a Nicolau deve ser negado pelo STF", o que, de fato, aconteceu.
Algumas hipóteses podem explicar -sem justificar- a tendência equivocada da Folha e do "Globo" no episódio.
A primeira é simples: desinformação. A segunda: contágio pelo pessimismo reinante no país, onde se aposta sempre no pior. A terceira: absorção acrítica do otimismo da defesa do juiz.
O mais provável é que tenha sido uma mistura disso tudo.


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