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Erros em série sobre Lamarca
A Folha cometeu uma sucessão de erros na cobertura
de quinta e sexta sobre a promoção a coronel concedida a
Carlos Lamarca (1937-71) pela
Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O jornal afirmou que Lamarca, um dos mais destacados militantes da esquerda armada contra a ditadura militar (1964-85), "morreu como
capitão" em 1971 na Bahia.
Não procede: ao desertar do
Exército em 1969 por iniciativa própria, o então capitão
deixou de pertencer à Força.
Não era oficial ao ser morto,
mas ex-militar.
O jornal contou que em
1969 "Lamarca e companheiros rouba(ra)m o cofre do ex-governador de São Paulo
Adhemar de Barros". Errado:
o antigo capitão não participou do assalto.
Mais infeliz foi a afirmação,
sem conceder margem a dúvida, de que, "para não ser presa", a revolucionária Iara Iavelberg "se suicidou" em 1972.
O correto é 1971, mas a falha
essencial é a Folha se associar
a uma versão controversa (há
suspeita, também não provada, de assassinato pelos órgãos
de segurança).
Recentemente, os restos da
companheira de Lamarca foram retirados da ala dos suicidas no cemitério judaico onde
estavam enterrados e transferidos para outro setor.
Grave erro consta do editorial de sexta: "A morte [de Lamarca] em combate -como
acabou ocorrendo há quase 36
anos no interior da Bahia- é
risco natural para quem escolhe pegar em armas".
Assim, a Folha bancou o relato do regime militar. Em
1996, a União concluiu que o
guerrilheiro foi assassinado
quando -desnutrido, doente
e exausto- já não tinha condições de reagir. Não teria, portanto, havido combate algum,
mas homicídio, em vez da prisão possível. É o que a imprensa noticiou há 11 anos.
Leitores se dividem sobre a
condenação da Folha à promoção a coronel. Os que criticam o jornal protestam contra
o emprego do termo "terrorista" para qualificar Lamarca.
No entanto, Carlos Marighella
(1911-69), um dos líderes da
luta armada, se dizia guerrilheiro e terrorista.
É direito do jornal emitir
opinião. Recomenda-se que o
faça com transparência. A Folha deve ser rigorosa ao narrar
a história, sem subscrever relatos superados ou carentes de
comprovação.
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