São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Curto-circuito

Um longo "Erramos" foi publicado sexta-feira. Segundo ele, diferentemente do que saíra no dia anterior, a margem de erro na pesquisa Datafolha referente à intenção de voto na sucessão estadual paulista é de três, não de dois pontos percentuais.
A correção implica uma leitura diferente de cenários apresentados. Com ela, Paulo Maluf deixa de estar na liderança isolada em alguns deles.
A partir de conversa com a Redação e com o Datafolha, pude concluir que a informação errada (margem de erro de dois pontos) foi passada ao jornal oralmente pelo instituto enquanto este ainda ultimava a confecção por escrito de seu relatório e aquele já começava a redigir a reportagem, com base, também, em tabelas recebidas.
O relatório final do Datafolha, que trazia por escrito o dado correto (margem de erro de três pontos percentuais), só foi enviado à Redação mais tarde, por volta das 19h. Não houve checagem no que diz respeito à questão da margem de erro.
Embora a correção, a meu ver, devesse ter sido feita com mais ênfase e transparência -não apenas por meio de um "Erramos" mas também com um texto específico que explicasse o erro e sua origem-, o fato é que ela aconteceu.
Isso, porém, não deixa de suscitar uma preocupação. Estamos num ano eleitoral, em que as pesquisas (e o Datafolha) estão em total evidência. Imagine se esse curto-circuito tivesse ocorrido à véspera, na última pesquisa antes do pleito. Qual seria a ressonância? Como corrigir depois, na mesma proporção, tamanho impacto?
Há uma lição a ser tirada do episódio: um dos mais valiosos instrumentos do método objetivo de apuração jornalística, a saber, a verificação, com checagem e rechecagem de dados, é de aplicação indispensável, seja de quem for a informação. Mesmo que ela provenha de um irmão.



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