São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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ENTREVISTA

"Não temos dados oficiais"

Leila Paiva é advogada e coordena o Programa Global de Prevenção ao Tráfico de Seres Humanos do Ministério da Justiça.

 


Ombudsman - Os EUA divulgaram nesta semana relatório em que estimam que 75 mil mulheres e adolescentes brasileiras atuam em redes de prostituição na Europa e 5.000 na América Latina. Esse é um dado oficial?
Leila Paiva -
Não, não é. Nós não temos dados oficiais dos brasileiros, por isso estamos desenvolvendo um sistema de informação, é um dos projetos do meu programa.

Ombudsman - Você acha que são números confiáveis?
Paiva -
Acho um número muito alto, mas como não temos dados precisos, até pode ser que sejam maiores. Não sei se todas as mulheres estão fazendo prostituição. Quando estive lá fora, observei muitas mulheres que podem até terem sido convidadas por rede de trafico, mas que acabam se inserindo no mercado de trabalho. Os números devem ser estimativas, porque muitas dessas pessoas ficam clandestinas.
Sabemos que existe um grande número de mulheres que vão e ficam reféns das redes de prostituição. Isso é verdade, mas não temos como confirmar.

Ombudsman - O relatório estima em 25 mil o número de brasileiros em trabalho forçado no campo. É isso?
Paiva -
Nesse caso, então, o Brasil não tem número nenhum. Nós não temos nem esse crime previsto em lei. Queremos que nossa legislação, por conta do protocolo de Palermo, consiga que tráfico para fins de trabalho escravo seja crime. Então nós vamos ter os números.


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