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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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Domesticar o "off"

O caso de Jayson Blair, aquele repórter-inventor demitido do diário "The New York Times" em maio, atordoou a mídia no mundo todo e impôs a necessidade de várias revisões de rumo.
Na última quinta, a Folha demonstrou internamente disposição para encarar pelo menos duas delas: a redução do uso de informações em "off" no jornal e, ligado a isso, um redesenho preventivo e transparente na relação de confiança existente entre repórteres e editores/superiores.
Um comunicado interno aos jornalistas assinado pela editora-executiva, Eleonora de Lucena (de quem obtive autorização para reproduir aqui a íntegra do texto), afirma o seguinte:
"O emprego de informações "off the record" está banalizado no jornal. É preciso redobrar os cuidados na apuração e os controles na edição de notícias obtidas desse modo. Sempre que solicitados, repórteres devem comunicar a origem dessas informações aos seus superiores hierárquicos. Estes, conhecendo a identidade das fontes que são mantidas no anonimato, devem cuidar da manutenção do sigilo. Como estabelece o "Manual da Redação" (pág. 46), é necessário checar e cruzar esses dados, assegurando a confiabilidade da notícia e verificando os interesses em questão."
Em tese, essas observações implicam maior controle, mais rigor do jornal para consigo próprio -como organismo, não como uma reunião de individualidades-, no sentido de tentar reduzir as chances de vir a publicar informações falsas ou de ser manipulado, sem saber, por fontes pouco confiáveis.
Se forem efetivamente aplicadas, será bom para os jornalistas, bom para o jornal e melhor ainda para o leitor.


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