São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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Pela exatidão

Na terça-feira, o governo do Iraque promoveu um plebiscito para referendar a permanência de Saddam Hussein no comando do país.
Na quarta-feira, ao publicar fotos da cédula usada na votação (veja ao lado), a Folha traduziu os seus dizeres.
Pela quantidade de palavras, porém, era claro, mesmo para quem não lê árabe, que o jornal selecionara uma parte do texto.
Ficava no ar uma dúvida sobre o restante. Poderia não ser nada demais. Mas, como saber?
Na crítica interna, comentei que a publicação da íntegra "teria sido um dado ilustrativo e diferenciado para o leitor".
Por curiosidade, fui atrás da tradução integral do texto. Com ajuda da embaixada iraquiana em Brasília e checagem, depois, da própria editoria de Mundo, ei-la:
"Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso,
República do Iraque
Conselho Superior de Observação do Plebiscito Popular Geral para o Cargo de Presidente do Iraque
Província: (..........)
Número da área do plebiscito: A pergunta:
Você concorda com que Saddam Hussein fique no cargo de presidente da República do Iraque?
A resposta: coloque o sinal (v) no quadrado que escolher:
Não sim"
Claro que o essencial é a pergunta -e isso a Folha traduziu e publicou. Mas editar a íntegra da cédula é também possibilitar ao leitor o conhecimento de elementos simbólicos relevantes, o "estilo" de um universo cultural pouco conhecido.
Tem um valor documental (afinal, haverá no mundo algum outro plebiscito com 100% de resultado positivo para o governante, conforme o anunciado oficialmente por Bagdá?), satisfaz uma curiosidade legítima e responde, também, a uma questão de exatidão.



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