São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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Para refletir

Deu no jornal francês "Le Monde", dia 11:
Marjorie Scardino, a texana que comanda o grupo Pearson, responsável pela publicação do "Financial Times", principal diário financeiro britânico, disse sem papas na língua:
"Acho que a imprensa econômica e financeira, inclusive o "Financial Times", não foi dedicada o bastante para conseguir revelar" os escândalos contábeis da Enron, WorldCom e outros de empresas gigantes norte-americanas que se seguiram desde o final do ano passado.
Declarou ainda Scardino, segundo o "Monde":
"Se os jornalistas fossem capazes de entender um balanço de empresa, aqueles desvios teriam sido descobertos mais rapidamente. Mas os encarregados de fazer a cobertura das empresas não conhecem bem a vida econômica. É uma vergonha".
Na visão de Scardino, seu jornal, um dos mais influentes do mundo, se satisfez frequentemente com a publicação de análises e notícias, em vez de fazer jornalismo investigativo, segundo relata o diário francês.
Os 550 jornalistas do "FT" ficaram furiosos com o comentário, a ponto de Scardino enviar-lhes, depois, um e-mail dizendo que eles são "os melhores do mundo" e que, em sua crítica, ela se referia, na verdade, ao conjunto da comunidade financeira, não apenas à imprensa.
Como a maior parte dos veículos de comunicação, o "FT" também passa por dificuldades econômicas profundas.
A "bronca" da patroa, neste caso, é parte de uma tentativa de recuperação do prestigioso jornal, não apenas com medidas de ordem orçamentária e operacional, mas também referentes ao conteúdo de seu noticiário.



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