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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Sequestro sequestrado

Os jornais de sexta-feira, com exceção da Folha, noticiaram o fim, na noite anterior, do sequestro, em São Paulo, de três filhas de um executivo de um importante grupo de comunicações.
A notícia foi dada num telejornal na quinta à noite e divulgada em seguida na internet, inclusive pela Folha Online.
O "Agora", editado pela empresa que publica a Folha, deu o caso em manchete, sem mencionar nenhum nome dos envolvidos, esclarecendo que esse tratamento se devia a um pedido da família, por razões de segurança. Outros diários deram os nomes.
A Folha tem uma política clara em relação a sequestros em andamento: apura, mas nada divulga se não houver aval da família. Quando ocorre o desfecho, o jornal publica, então, tudo o que apurou.
Questionada sobre a razão pela qual o jornal nada publicou na sexta sobre o desfecho do caso (o material saiu na edição de ontem, estranhamente, dentro de um texto cujo título falava de sequestros de crianças em geral), a Secretaria de Redação afirma que a reportagem não conseguiu, na noite de quinta, contatar o executivo, algum familiar ou alguém da empresa; e que a Secretaria da Segurança informara que a família não autorizava a divulgação.
Avalia que, nessas circunstâncias, ao omitir a notícia o jornal aplicou seu "Manual".
O caso é delicado, mas acho essa interpretação discutível. O desfecho estava dado; resgate pago; crianças libertadas. Não era sequestro em curso.
Mais adequada, dadas as questões de segurança e as limitações da apuração, parece ter sido a atitude do "Agora", que ao menos não deixou seus leitores sem informação alguma.


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